No último domingo, 30 de março de 2025, a Avenida Paulista, em São Paulo, tornou-se o palco de uma significativa manifestação liderada por movimentos de esquerda. O ato foi organizado em protesto contra a aprovação do Projeto de Lei (PL) 2.858 de 2022, que propõe a anistia para aqueles condenados em decorrência dos eventos de 8 de janeiro de 2023. Durante a manifestação, entidades como Povo Sem Medo e Frente Popular clamaram, além da rejeição à anistia, pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O evento ocorreu como resposta a um protesto realizado por Bolsonaro e seus aliados em Copacabana, no Rio de Janeiro, em 16 de março, onde cerca de 18 mil pessoas se reuniram. A mobilização em São Paulo, por sua vez, esbanjou um total de aproximadamente 6,5 mil participantes, o que levanta reflexões sobre as diferenças na capacidade de mobilização em torno da anistia.
A manifestação na Avenida Paulista iniciou-se em um local de grande simbolismo histórico: o prédio do antigo Doi-Codi, que remete à resistência contra a ditadura militar no Brasil. Os manifestantes expressaram seu repúdio à proposta de anistia, ressaltando que tal medida poderia abrir um precedente perigoso para tentativas futuras de golpe. A pressão foi intensa e os organizadores enfatizaram que a anistia não deveria ser vista como uma maneira de absolver ações de violência e desrespeito à democracia.
Além da grande manifestação em São Paulo, grupos menores se formaram na zona sul do Rio de Janeiro, onde a mobilização teve uma abordagem diferente, focando mais em panfletagens e distribuição de adesivos do que em um protesto massivo. Cidades como Belo Horizonte, Fortaleza e Curitiba também registraram manifestações, embora com menos fervor e participação popular.
Os números da manifestação em São Paulo indicam que, apesar da organização e da importância do tema, a pauta da anistia não conseguiu reunir um número comparável ao protesto de Bolsonaro. A diferença de 12,5 mil pessoas entre os dois atos sugere que essa proposta de anistia não é uma questão que mobiliza grandes multidões e reflete as divisões e prioridades entre os diversos segmentos da sociedade.
Observa-se que, em tempos de polarização política, temas como a anistia podem não ressoar de forma uniforme entre os diferentes grupos sociais, o que gera um desafio para a mobilização popular. As futuras mobilizações políticas que envolvem esse tema devem considerar cuidadosamente o contexto e a percepção dos cidadãos para conseguir um impacto significativo e engajamento efetivo.