No último dia 28 de março, o ministro Luiz Fux votou contra o recurso da defesa de Robinho, ex-jogador da seleção brasileira, que pedia a suspensão da pena de nove anos imposta por estupro coletivo na Itália. O julgamento do pedido, realizado no plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF), está aberto até o dia 4 de abril e pode ter implicações significativas para a jurisprudência brasileira.
Robinho, que se encontra detido na Penitenciária 2 do Complexo de Tremembé desde março de 2024, teve sua sentença homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) após ser condenado por um crime que ocorreu em 2013 em uma boate em Milão. Como a extradição de cidadãos brasileiros é inviável, a implementação da pena está sendo cumprida em território nacional, o que gerou um intenso debate jurídico.
A condenação do ex-jogador por estupro coletivo foi respaldada pelos tribunais italianos, mas sua defesa argumenta que houve irregularidades durante o processo de homologação da sentença. Em particular, eles contestam a aplicação da Lei de Migração de 2017, que é utilizada como base para a homologação, alegando que essa norma não poderia ter efeito retroativo, já que o crime foi cometido antes de sua promulgação.
Ao votar contra o recurso, Fux enfatizou que os embargos declaratórios não são adequados para revisar decisões anteriormente tomadas, destacando que a defesa tenta reabrir discussões que já foram analisadas pela Corte. Ele também esclareceu que a disposição da Lei de Migração não possui conteúdo penal material e, portanto, não se aplica o princípio da irretroatividade.
A decisão do STF no caso de Robinho é de extrema importância, pois pode estabelecer um precedente significativo sobre a execução de sentenças estrangeiras no Brasil. A posição da defesa, que argumenta que Robinho deveria ser julgado pela Justiça brasileira conforme a Constituição Federal, destaca a complexidade das questões envolvendo a aplicação de leis internacionais em território nacional.
À medida que o julgamento avança, a expectativa em torno da decisão do STF cresce, não apenas pela figura pública de Robinho, mas também pela repercussão que essa questão poderá ter sobre futuras homologações de sentenças estrangeiras. O resultado do caso pode, assim, afetar não apenas o futuro do ex-jogador, mas também de outros cidadãos brasileiros que enfrentam situações semelhantes.