A visita de uma delegação dos Estados Unidos à Groenlândia suscitou críticas severas da primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, que a considera uma pressão inaceitável sobre a política local em meio a um turbulento processo de formação de governo. O evento, realizado em março de 2025, é marcado pela presença do conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Mike Waltz, e da esposa do vice-presidente, Usha Vance, em um momento crítico após as eleições legislativas de 11 de março, que visam estabelecer um novo governo na ilha.
No contexto dessa visita diplomática, o primeiro-ministro interino da Groenlândia, Mute Egede, se manifestou abertamente contra a iniciativa, rotulando-a como interferência estrangeira. Ele enfatizou que não haverá reuniões oficiais com os representantes dos Estados Unidos até que o novo governo seja devidamente instalado, refletindo uma postura firme contra a intromissão em assuntos internos groenlandeses.
As reações à visita se espalham pela comunidade internacional, onde autoridades e analistas instam uma resposta à provocação percebida por parte dos EUA. A maioria da população groenlandesa, em uma recente pesquisa, afimou sua oposição à possibilidade de anexação ao território americano, com expressivos 85% dos entrevistados rejeitando essa ideia.
Além das implicações locais, a visita também lança luz sobre as tensões geopolíticas na região. A Groenlândia, devido à sua posição estratégica no Ártico e a presença de recursos minerais valiosos, incluindo terras raras, se tornou um ponto focal em uma disputa global. A presença militar crescente de Rússia e China, aliada ao desejo dos EUA de adquirir a Groenlândia — um assunto que foi alardeado por Donald Trump — tem exacerbado as relações diplomáticas entre a Dinamarca e os EUA. Essa dinâmica não apenas levanta preocupações sobre a soberania groenlandesa, mas também sobre o equilíbrio de poder no cenário global do Ártico.
O desfecho dessa situação poderá ter repercussões duradouras, tanto para as relações entre Groenlândia e Dinamarca quanto para as interações dos EUA na política regional, num momento em que a administração americana busca reafirmar sua influência no Ártico em face da presença crescente de rivais geopolíticos.