Na noite de 21 de março de 2025, a Justiça do Rio de Janeiro decidiu libertar o ex-vereador Gabriel Monteiro, que estava preso preventivamente desde novembro de 2022, acusado de estuprar uma jovem de 23 anos. A decisão judicial substituiu a prisão por medidas cautelares, que incluem o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de contatar a vítima. Essa determinação gerou uma onda de críticas e debates sobre o tratamento de casos de violência sexual no Brasil.
Gabriel Monteiro é uma figura polêmica, com um histórico cheio de denúncias de assédio moral e sexual durante o exercício de seu cargo. Em março de 2022, funcionários o denunciaram por assédio, e ele também foi investigado em razão de uma operação policial relacionada ao vazamento de imagens íntimas de um menor. Relatos de ex-assessores indicam que Monteiro promovia orgias em sua residência, com a presença de menores, levando a um clima de temor entre seus colaboradores e à sua cassação em agosto de 2022 pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, por quebra de decoro parlamentar.
A acusação de estupro contra Monteiro veio à tona quando uma estudante declarou ter sido abusada sexualmente por ele. A jovem relatou que conheceu o ex-vereador em uma festa na Barra da Tijuca e, posteriormente, foi levada à casa de um amigo no Joá, onde foi ameaçada com uma arma e forçada a ter relações sexuais. Gabriel Monteiro nega veementemente as acusações, alegando falta de fundamentos nas alegações contra ele.
A decisão da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para libertar Monteiro foi fundamentada na duração excessiva da prisão preventiva, que ultrapassa dois anos, e nas falhas do Estado no andamento do processo. O ministro Og Fernandes da turma afirmou que não é conveniente manter um detido por um período tão longo sem um julgamento claro, especialmente em um caso que está sendo reiniciado devido a problemas processuais.
Esse desfecho levanta importantes questões sobre a forma como o sistema judicial brasileiro lida com os casos de violência sexual. A liberdade de Monteiro, ainda que sob condições rígidas, reacendeu o debate sobre o impacto da justiça sobre as vítimas e a eficácia das medidas cautelares. Muitos especialistas em direito e ativistas antiviolência têm expressado preocupações sobre a segurança das vítimas e a credibilidade do processo judicial.
À medida que o caso avança, as implicações políticas e sociais são consideradas por muitos. Os defensores dos direitos das mulheres e de vítimas de violência sexual clamam por mais ações que assegurem a proteção das vítimas e que punam de forma mais rigorosa os agressores. A história de Gabriel Monteiro serve como um lembrete da complexidade e das barreiras enfrentadas por aqueles que buscam justiça em um sistema que, muitas vezes, parecer não levar em conta a gravidade das violações de direitos humanos. Na sociedade atual, as questões de ética e de direitos humanos devem ser constantemente reavaliadas, especialmente em casos que envolvem figuras públicas.