No último sábado, o ex-presidente José Sarney proferiu um importante discurso em Brasília, destacando a necessidade de vigilância constante para garantir a liberdade no Brasil. A fala ocorreu durante um evento que celebrou os 40 anos da redemocratização, momento emblemático que remete ao fim de 21 anos de ditadura militar e à nova fase democrática do país, iniciada em 1985 com a sua posse.
“O preço da liberdade é a eterna vigilância”, disse Sarney, reiterando a ideia de que a democracia deve ser constantemente defendida e aprofundada. Esta frase, que já se tornou um lema histórico, foi utilizada inicialmente pelo partido União Democrática Nacional (UDN) na década de 1940, e sua autoria é frequentemente debatida, sendo creditada a Thomás Jefferson ou John Philpot Curran.
O ex-presidente também relembrou o papel das Forças Armadas durante a transição do regime militar para a democracia, sinalizando uma mudança de foco para a tecnologia e a modernização das instituições. “Até hoje nós vemos que as Forças Armadas estão fieis às instituições, como demonstraram nos episódios do dia 8 de janeiro”, acrescentou.
Durante sua fala à imprensa, Sarney não hesitou em criticar os recentes planos de golpe de Estado no Brasil, que, segundo ele, foram “extremamente danosos” e amplamente repudiados pela população e por todas as classes sociais. O evento em que ele foi homenageado foi promovido pela Fundação Astrojildo Pereira no Panteão da Pátria, onde também esteve presente o ex-presidente do Uruguai, Julio Maria Sanguinetti.
Ao refletir sobre a trajetória da democracia brasileira, Sarney expressou seu orgulho pelo amadurecimento da nação. “Hoje, ao olhar o Brasil, vejo como chegamos de longe; nossa democracia amadureceu. Está presente no coração dos brasileiros, como um sentimento e uma consciência democrática”, afirmou. Essa avaliação ressoa com a história do país, que busca uma identidade consolidada e uma unidade nacional.
Sarney também comentou sobre a transição política que culminou na criação da Constituição de 1988, lembrando a figura de Tancredo Neves, um dos principais protagonistas desse processo. “Tancredo Neves foi o grande político do Brasil, que teve como arma a conciliação e a compreensão”, destacou, reconhecendo a importância do diálogo e da colaboração na construção de uma nova ordem democrática.
Ele também fez menção ao trabalho junto a Ulysses Guimarães, ex-presidente da Assembleia Nacional Constituinte, para a elaboração da Constituição que rege o país. Sarney expressou seu espanto com o fato de que conseguiram criar uma estrutura tão robusta e significativa para a sociedade brasileira. “Nós constituímos essa coisa que é inacreditável”, categorizou.
Em uma declaração exclusiva publicada pela CNN, Sarney reafirmou sua convicção de que “a democracia não morreu em minhas mãos; ao contrário, floresceu”. Essa afirmação encerra não apenas uma reflexão sobre o passado, mas também um apelo para a continuidade do compromisso com os princípios democráticos no Brasil.
O discurso de Sarney serve como um lembrete poderoso da importância da participação cívica e do exercício da cidadania, pilares fundamentais para garantir que os avanços conquistados ao longo das últimas décadas não sejam perdidos. A reflexão sobre o custo da liberdade e a vigilância constante em sua defesa ressoam com as circunstâncias contemporâneas e os desafios que ainda permanecem. O convite é para que cada cidadão assuma a responsabilidade de zelar por sua democracia.