Um vídeo divulgado pelo governo americano neste sábado (15) revela a decolagem de caças a partir de um porta-aviões, iniciando uma operação contra o grupo rebelde Houthi no Iémen. A ofensiva, anunciada pelo presidente Donald Trump, objetiva atingir alvos ligados aos Houthis, que são considerados aliados do Irã.
Comandada pelo Central Command dos Estados Unidos (Centcom), a operação foi caracterizada como "em larga escala" em um comunicado publicado na rede social X. Trump descreveu a ação como "decisiva e contundente" e afirmou que soldados americanos estão conduzindo ataques aéreos em diversos pontos do Iémen.
Infelizmente, os primeiros relatos indicam que os ataques resultaram na morte de pelo menos nove civis e ferimentos em outros nove, de acordo com a declaração do ministério da Saúde controlado pelos Houthis.
O presidente Trump destacou em suas redes sociais: "Nossos bravos combatentes estão agora realizando ataques aéreos contra as bases terroristas, líderes e defesas de mísseis para proteger ativos marítimos e aéreos americanos, restaurando a liberdade de navegação".
Conforme informações divulgadas pelo Washington Post, os ataques se estenderam por várias áreas do Iémen, visando radares, locais de defesa aérea e lançadores de drones. Um vídeo obtido pela Reuters demonstra a fumaça se espalhando sobre a capital, Sanaa, onde moradores relataram que as explosões eram tão violentas que chegaram a causar pânico em suas comunidades.
"As explosões foram violentas e sacudiram o bairro como um terremoto. Elas aterrorizaram nossas mulheres e crianças", afirmou um morador chamado Abdullah Yahia à Reuters.
Este ataque ocorre apenas dias após os Houthis anunciarem um aumento nas hostilidades, ameaçando retomar os ataques a navios israelenses nas rotas do Mar Vermelho e do Golfo de Áden. Desde novembro de 2023, o grupo aumentou sua atividade, afirmando que essa era uma forma de apoio aos palestinos em meio ao conflito com Israel. Nesse período, ultrapassaram 100 ataques, incluindo a afundamento de embarcações e ataque a marinheiros.
Trump também reafirmou que não tolerará ataques aos interesses americanos. Em sua postagem, ele alertou: "O ataque Houthi a embarcações americanas não será tolerado. Usaremos força letal esmagadora até atingirmos nosso objetivo". Ele ameaçou o Irã, afirmando que seu apoio aos Houthis "deve acabar imediatamente", e deixou claro que qualquer ameaça contra os Estados Unidos será respondida de forma severa.
Os Houthis estão associados ao que é conhecido como o "Eixo de Resistência", uma coalizão de grupos que inclui o Hezbollah e o Hamas, todos apoiadores do Irã. O grupo surgiu em 1990 como resposta ao governo do então presidente Ali Abdullah Saleh e, liderados por Houssein al Houthi, se tornaram uma força significativa no norte do Iémen, envolvendo-se em uma ideologia forte contra os Estados Unidos e Israel.
A guerra no Iémen começou em 2014 quando os Houthis tomaram a capital, Sanaa, fazendo com que o governo fugisse. A Arábia Saudita entrou no conflito em 2015 em apoio ao governo iemenita, levando a um desenrolar de uma guerra complexa, que se transformou em um campo de batalha indireto entre o Irã e a Arábia Saudita.
Nos últimos anos, a situação no Iémen tem sido descrita pela ONU como um dos piores desastres humanitários do mundo, com milhões de pessoas deslocadas e a maioria da população vivendo em condições críticas. Aproximadamente 11 milhões de crianças necessitam de assistência urgente, em um contexto marcado pela persistência do conflito e pelo sofrimento humano.
Os efeitos da guerra são dramáticos. Com a luta pelo poder, os Houthis mantêm controle sobre partes significativas do norte do Iémen e, ao mesmo tempo, o governo e outras milícias controlam o sul e o leste. A falta de um avanço territorial por qualquer um dos lados tem perpetuado um estado de impasse, sublinhando a complexidade e a durabilidade desse conflito.
Em resumo, a operação militar dos EUA contra os Houthis representa um aumento significativo na tensão na região e traz à tona questões complexas de guerra, políticas de poder e o impacto devastador do conflito na vida dos civis no Iémen.