Em uma abordagem inovadora, Bryan Johnson, o investidor por trás do movimento Don’t Die, deseja iniciar o sequenciamento de alimentos, conceito que ele denomina ‘foodome sequencing’. Semelhante ao sequenciamento do genoma que mapeia a constituição genética de um organismo, Johnson propõe identificar a composição nutricional dos alimentos mais consumidos nos Estados Unidos.
Durante sua apresentação na SXSW em Austin, ele afirmou: “Vamos sequenciar o ‘foodome’ dos EUA, o que significa testar 20% dos alimentos que representam 80% da dieta americana com base nos produtos que consumimos no dia a dia.” Essa iniciativa visa desvendar informações sobre a qualidade e segurança dos alimentos que fazem parte da alimentação cotidiana.
Além de ser o fundador da Kernel, uma empresa voltada para monitoramento cerebral, e do OS Fund, Johnson também é o criador da Braintree, uma plataforma de comércio eletrônico. Atualmente, sua paixão gira em torno de descobrir maneiras de estender sua expectativa de vida e compartilhar essa filosofia com outras pessoas. Para isso, ele adotou medidas drásticas, como a transfusão de sangue do seu filho de 17 anos e tratamentos de choque para aumentar a saúde sexual. Johnson acredita que isso está diretamente relacionado ao bem-estar geral.
Embora muitos dos seus conselhos sobre hábitos que favorecem a longevidade sejam comuns, como melhorar a qualidade do sono, praticar exercícios físicos e manter uma dieta saudável, ele destaca uma dificuldade: “Quero ser real com você. É muito, muito difícil comprar alimentos limpos.” Ele observa que, mesmo entre as opções orgânicas nas prateleiras, muitos produtos podem conter toxinas geradas por processos inadequados de manipulação e embalagens.
O objetivo de Johnson é testar uma ampla gama de alimentos e criar um banco de dados público onde as pessoas possam contribuir financeiramente para que marcas e produtos específicos sejam analisados quanto à presença de toxinas, como metais pesados e microplásticos. Ele espera que os resultados desses testes responsabilizem as empresas por práticas alimentares inseguras.
A audiência do SXSW respondeu positivamente à proposta, participando com entusiasmo de exercícios de respiração, movimentação e até de um experimento de longevidade que envolveu equilibrar-se em uma perna com os olhos fechados. Johnson parece ter conquistado a plateia, embora haja críticas à sua filosofia peculiar. Ele acredita que como estamos na era da inteligência artificial, podemos ser a primeira geração que não precisará enfrentar a morte.
“Estamos dando à luz uma superinteligência. É a maior mudança que está acontecendo no mundo agora”, afirmou Johnson, que garante que não existe uma ideologia atual que consiga lidar com a inteligência artificial. Segundo ele, com a entrada da IA em nossa realidade, a sobrevivência da espécie humana não está mais garantida.
“A raça humana faria bem em redirecionar seus objetivos [em relação à IA] para longe do lucro a qualquer custo e focar na missão de ‘Não Morrer’.” Essa provocação gera um questionamento importante: enquanto discutimos como a IA deve se alinhar ao ser humano, porque não utilizá-la como aliada na preservação da vida humana? Por que não aproveitar a inteligência artificial para iniciar um diálogo entre milhões de “gênios humanos” e encontrar soluções para os principais desafios do envelhecimento?
Essa questão instigante, no entanto, não passa despercebida pelos céticos, que defendem que a morte é uma parte essencial da experiência humana. Dr. Andrew Steele, um especialista em longevidade, reconhece que ter uma alimentação adequada e manter atividades físicas regulares ajudam na extensão da vida, mas defende que a genética exerce um papel mais significativo na determinação da expectativa de vida do que medidas extremas.
Contudo, essa visão não desanima Johnson, que continua promovendo seu Blueprint Protocol, seu método de estilo de vida visando manter o que ele considera os melhores marcadores de saúde do mundo. Ele também está lançando sua própria linha de suplementos e alimentos, marcada por um azeite de oliva ironicamente chamado de Snake Oil.