Pacientes brasileiros estão enfrentando a perda de oportunidades de transplante devido à falta de atendimento a chamadas telefônicas, especialmente por conta do aumento das ligações automáticas. Muitas pessoas hesitam em atender números desconhecidos, preocupadas com golpes e spam. Essa situação tem se tornado uma real ameaça à saúde, com casos registrados em hospitais como a Santa Casa de Porto Alegre, onde pacientes perderam sua chance de transplantes por não atenderem a essas chamadas.
Atualmente, os brasileiros recebem mais de 10 bilhões de ligações automáticas mensalmente, gerando um clima de desconfiança em relação a chamadas de números desconhecidos. A empresária Rosaura Dutra, por exemplo, relata receber de 30 a 40 chamadas diárias, optando por não atender números que não estão na sua agenda. Esse comportamento, embora comum, tem consequências significativas, pois pessoas perdem oportunidades que podem ser vitais, como agendamentos médicos ou seleções de emprego.
No contexto da saúde, as implicações são ainda mais graves. Pacientes em lista de espera para transplantes enfrentam o risco de perder suas chances devido à falta de resposta para chamadas prioritárias. A enfermeira Jaqueline Bica, da Santa Casa de Porto Alegre, descreve casos em que pacientes não receberam órgão por não atenderem suas ligações. O diretor médico Antônio Kalil destaca que o tempo é essencial em procedimentos de transplante; a falha em estabelecer contato pode resultar na perda do órgão disponível.
Para mitigar esse problema, é necessária uma colaboração eficaz entre hospitais, pacientes e autoridades reguladoras. A Anatel tem procurado intervir com iniciativas como o "Não Me Perturbe", embora muitos números de spam sejam falsos e difíceis de rastrear. A implementação de tecnologias mais avançadas para identificar e bloquear ligações suspeitas é uma possível solução, assim como aprimorar a comunicação entre hospitais e pacientes. Usar múltiplos canais de contato pode assegurar que todas as informações relevantes sejam recebidas.
A necessidade de uma solução abrangente é urgente, pois a saúde pública está em risco devido a um problema tecnológico que precisa de atenção imediata. Somente com esforços conjuntos será possível proteger pacientes e garantir que oportunidades críticas, como transplantes, não sejam perdidas.