A inflação no Brasil registrou uma aceleração significativa em fevereiro, alcançando 1,31%, o maior índice para esse mês em 22 anos. O setor habitacional foi o principal responsável por essa alta, com os preços do IPCA, que mede a variação dos preços ao consumidor, apresentando um aumento de 4,44% em fevereiro, em contraste com uma queda de 3,08% no mês anterior. Essa mudança está diretamente relacionada ao aumento no custo da energia elétrica, que teve um incremento de 16,8% devido ao fim do bônus de Itaipu, que anteriormente havia mantido os preços estáveis.
Além de habitação, os grupos que mais impactaram o índice de preços foram educação, com variação de 4,7% — reflexo do reajuste das mensalidades escolares — e alimentos, que subiram 0,7%. O resultado de fevereiro, com uma elevação de 1,31%, contrasta fortemente com o modesto aumento de 0,16% registrado em janeiro. A inflação acumulada em um ano agora atinge 5,06%, distanciando-se cada vez mais da meta oficial estabelecida em 3%.
A escalada nos preços está forçando o Banco Central a adotar medidas para conter a atividade econômica e controlar a inflação. O Comitê de Política Monetária já sinalizou a intenção de um novo aumento de 1 ponto percentual na Selic na próxima reunião agendada para a semana seguinte.
Em contrapartida, o governo tem buscado estimular o consumo das famílias. Recentemente, o presidente Lula assinou a Medida Provisória do Crédito do Trabalhador, que visa facilitar a obtenção de crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada, oferecendo taxas de juros mais acessíveis do que as atualmente praticadas pelos bancos. O saldo do FGTS será utilizado como garantia para essas operações, e a previsão da Febraban é que os contratos atinjam R$120 bilhões nos próximos quatro anos.
Durante a cerimônia de assinatura, Lula defendeu a importância do incentivo ao consumo e demonstrou apoio ao trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Economia não se faz com mágica. A gente não inventa. A gente sabe que o que dá certo hoje pode dar errado amanhã. Posso dizer pra vocês sem medo de errar: eu já tive muitos ministros na Fazenda. Mas pode ter certeza, se vocês colaborarem a gente vai terminar o governo com o Haddad entrando para a história como o melhor ministro da Fazenda que esse país já teve”, declarou o presidente.