A Casa Branca deu diretrizes para que as Forças Armadas dos Estados Unidos explorem alternativas para aumentar a presença militar no Panamá, com a intenção de "reaver" o Canal do Panamá, conforme revelaram fontes oficiais à rede americana NBC News. O presidente Donald Trump já havia expressado esse desejo durante um discurso ao Congresso na semana passada, mencionando sua ambição de recuperar o canal desde mesmo antes de assumir seu segundo mandato.
De acordo com as fontes consultadas, o Comando Sul dos EUA está analisando desde uma colaboração mais estreita com as Forças Armadas panamenhas até a possibilidade de um cenário menos provável, onde forças americanas poderiam tomar o canal à força, dependendo do "nível de colaboração" do Panamá com os Estados Unidos.
O almirante Alvin Holsey, que comanda o Comando Sul, apresentou um esboço de estratégias ao secretário de Defesa, Pete Hegseth, que deve fazer uma visita ao Panamá no próximo mês. Autoridades afirmam que uma invasão dos EUA ao Panamá permanece improvável, sendo considerada apenas caso o aumento da presença militar não atinja os objetivos de Trump.
Segundo informações da NBC, os EUA mantêm atualmente cerca de 200 soldados no Panamá, embora esse número possa variar, incluindo Forças Especiais que colaboram com os militares panamenhos para enfrentar ameaças internas e insurgências.
Além disso, venham sendo discutidas iniciativas para reabrir as Escolas de Selva no Panamá, semelhantes às que existiram antes da entrega do canal em 1999. O planejamento inclui também a possibilidade de posicionar tropas nas proximidades do Panamá para lidar com quaisquer ameaças regionais ou proteger o canal em caso de um conflito.
Antes mesmo de assumir a presidência, Trump protagonizou um episódio diplomático ao afirmar que o Canal do Panamá era um "bem nacional vital", o qual estaria sendo explorado pela China. Tanto Panamá quanto China negam qualquer interferência externa, e Pequim responsabiliza Washington por pressionar o país a cancelar projetos chineses.
O presidente panamenho, Mulino, ainda se posicionou afirmando que seu país gere o canal de forma independente, negando qualquer entrega de operações à China. Desde então, Mulino também tomou medidas rigorosas em relação às rotas migratórias, como a implementação da Iniciativa Cinturão e Rota.
Trump, por sua vez, sempre considerou a decisão do ex-presidente Carter em relação ao canal um erro. Além de se preocupar com a diminuição das taxas de passagem para embarcações americanas, o presidente teme a crescente influência da China sobre o canal, que é responsável por 75% da carga com destino ou origem nos EUA.
O governo dos Estados Unidos rotulou as recentes ações como um "grande passo" na direção de fortalecer relações com o Panamá. Contudo, Trump decidiu ir além ao exigir algo que o pequeno país não é capaz de ceder: o controle total do Canal do Panamá.
Os EUA concordaram em construir a via marítima em 1903, após assinar um tratado que garantia a independência do Panamá em relação à Colômbia, em troca de direitos permanentes de operação da hidrovia.
Esse acordo foi crucial para o desenvolvimento do Panamá, que se tornou um modelo de estabilidade financeira em uma região frequentemente tumultuada. No ano de 2024, o canal gerou quase US$ 5 bilhões, representando cerca de 4% do PIB panamenho.