No cotidiano, os adolescentes se deparam com uma infinidade de propagandas que incentivam o consumo. Redes sociais estão repletas de anúncios de roupas, calçados e eletrônicos, gerando uma pressão adicional sobre os jovens para consumir. Para um adulto, resistir às tentações financeiras pode ser desafiador; imagine o quão difícil é para um adolescente! Portanto, **é crucial ensinar desde cedo a eles uma relação saudável com o dinheiro**.
“Vivemos em um mundo onde as decisões financeiras impactam diretamente nossa qualidade de vida. Quanto mais cedo aprendemos a administrar nossos recursos, melhores serão nossas escolhas no futuro”, afirma Nayra Sombra, planejadora financeira da Planejar. Os jovens que entendem como o dinheiro funciona tornam-se mais responsáveis e conseguem evitar armadilhas financeiras, prevenindo endividamentos desnecessários.
Thaisa Durso, educadora financeira da Rico, acrescenta que o conhecimento sobre finanças pessoais é fundamental para incentivar adolescentes a poupar e alcançar seus objetivos a longo prazo, seja para pagar a faculdade ou comprar um carro.
Em entrevista à CRESCER, as especialistas ofereceram estratégias práticas para ensinar os adolescentes a gerenciar suas finanças de forma eficiente. Confira:
Iniciar uma conversa sobre finanças focando apenas em números e teorias não é a maneira mais eficaz de capturar o interesse dos jovens. Segundo Nayra, é importante **relacionar o assunto às experiências do adolescente**, abordando custos de produtos e serviços do seu dia a dia, como smartphones, ingressos para shows ou viagens.
“Em vez de apresentar conceitos complexos logo de cara, os pais podem começar perguntando sobre os sonhos e desejos de seus filhos, mostrando como o planejamento financeiro pode ajudá-los a realizá-los”, sugere Thaisa. Uma boa tática é envolver os jovens nas finanças domésticas, como levar o filho ao supermercado para explicar a comparação de preços e a avaliação das necessidades nas compras.
Para praticar a administração do dinheiro, os pais podem considerar conceder uma mesada. Incentive seu filho a elaborar um orçamento e estabelecer metas. Nayra recomenda dividir a mesada em três categorias:
É importante que o valor da mesada esteja alinhado com a realidade financeira da família e proporcional às responsabilidades do adolescente. “Se o jovem precisa cobrir despesas como passeios ou itens pessoais, a mesada deve permitir que ele aprenda a administrar seu dinheiro ao longo do mês. Os pais devem evitar complementar a mesada, para que o adolescente compreenda a importância de limites e a necessidade de decisões financeiras conscientes”, explica a planejadora financeira.
Para ter uma compreensão mais clara das entradas e saídas financeiras, os adolescentes podem usar aplicativos de controle financeiro. Isso possibilita visualizar como estão utilizando o dinheiro e, se necessário, ajustar hábitos de consumo. “O essencial é incentivá-lo a tomar decisões financeiras conscientes e a aprender a lidar com imprevistos”, ressalta Nayra.
Os pais devem explicar claramente aos adolescentes como funcionam as compras parceladas. Esse método de pagamento pode parecer vantajoso, mas quando não controlado, pode comprometer uma parte significativa do orçamento mensal.
Para prevenir isso, Thaisa recomenda avaliar inicialmente se as compras podem ser feitas à vista. Se isso não for possível, o ideal é optar pelo parcelamento em um número mínimo de parcelas. É fundamental esclarecer como funcionam os juros embutidos, utilizando exemplos que comparem o preço à vista com o total a ser pago no parcelamento.
Uma das melhores maneiras de ensinar adolescentes sobre investimentos é demonstrar como essas aplicações funcionam na prática. O primeiro passo é abrir uma conta conjunta em uma corretora e começar a investir em ativos simples, como CDBs ou Tesouro Direto.
Os Certificados de Depósito Bancário (CDB) são títulos de renda fixa emitidos por bancos comerciais. Quando o jovem investe em um CDB, na verdade, está emprestando seu dinheiro a um banco, que se compromete a devolver o valor investido com um acréscimo. No caso do CDB prefixado, o investidor tem certeza de quando receberá o retorno no final do prazo.
O Tesouro Direto permite aplicações a partir de R$ 30 e é voltado para a venda de títulos públicos federais a pessoas físicas. Em essência, o jovem empresta seu dinheiro para o governo e, em troca, recebe o investimento de volta, além de uma remuneração.
Outra técnica eficaz para evitar compras impulsivas é a regra das 24 horas. Caso o adolescente esteja pensando em adquirir um produto, incentive-o a esperar um dia antes de decidir, para avaliar se a compra é realmente necessária ou apenas um desejo passageiro. “Esse período de reflexão pode ajudar a determinar se a compra é essencial ou uma simples vontade momentânea”, diz Thaisa.
A educação financeira pode ser divertida! Jogos de tabuleiro são uma excelente maneira de ensinar conceitos de investimentos e planejamento. Além disso, você pode criar desafios práticos, como “um mês sem compras por impulso” ou “quem economiza mais”.
“Outra sugestão é implementar um ‘sistema de recompensa’, onde o adolescente recebe um bônus ao cumprir uma meta financeira. Quanto mais divertido e próximo da realidade deles, maior será o interesse pelo tema”, conclui Nayra.