O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, anunciou um investimento de AU$ 25 milhões (aproximadamente US$ 16,6 milhões) para fortalecer o ensino de 84 idiomas em escolas comunitárias. A iniciativa é uma resposta a um ato neonazista que ocorreu em Melbourne e visa beneficiar cerca de 90 mil estudantes, priorizando línguas asiáticas.
A decisão acontece em um momento crucial, já que as eleições federais estão agendadas para o dia 3 de maio. O Partido Trabalhista busca apoio em eleitorados multiculturais nos subúrbios de Victoria e Nova Gales do Sul. Dentre os 600 centros educacionais que receberão o investimento, 182 estão localizados em Victoria, um estado considerado chave para a disputa eleitoral.
Dentre os valores destinados, AU$ 5 milhões serão especificamente alocados para aumentar a fluência em idiomas asiáticos até o ensino médio, com o objetivo de apresentar novas oportunidades econômicas com parceiros comerciais da região. "É vital que australianos falem as línguas de nossos maiores parceiros comerciais", afirmou Albanese.
O anúncio do investimento foi reforçado após uma cerimônia do Dia ANZAC em Melbourne ter sido interrompida por neonazistas, um evento que gerou condenação entre líderes partidários. Albanese enfatizou que metade dos australianos possui laços diretos internacionais, considerando a diversidade como uma "força nacional". Segundo ele, "Vivemos no melhor país do mundo graças às culturas que aqui se encontram".
Atualmente, as escolas comunitárias dependem de voluntários e taxas pagas pelos pais para cobrir os custos. O novo financiamento vai complementar o atual programa federal de línguas escolares, buscando reduzir desigualdades no ensino. No entanto, a oposição liberal criticou o governo por suposto subfinanciamento do setor educacional, embora ainda não tenha apresentado propostas concretas para o problema.
Com a votação antecipada em processo, pesquisas indicam uma ligeira vantagem para o Partido Trabalhista. O foco na temática migratória aumentou após o incidente com os neonazistas, o que tem levado ambos os partidos a reforçarem sua retórica antirracista. Especialistas acreditam que a política linguística pode ter um papel significativo na percepção de eleitores de origem asiática, especialmente nas comunidades de Sydney e Melbourne.
O planejamento governamental inclui a meta de aumentar o número de estudantes fluentes em mandarim, hindi e indonésio até 2030. Além disso, há discussões sobre a possibilidade de incluir a proficiência em línguas como critério para a migração qualificada.