A corrida pelo prestigiado cargo de High Level Champion da COP 30, que ocorrerá em Belém, está se intensificando, com quatro principais candidatos se destacando: Dan Ioschpe, vice-presidente da Fiesp; Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeólica); Marcelo Behar, ex-diretor da Natura; e Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Esse cargo possui grande importância na estrutura da COP, logo após o CEO e a diretoria-executiva. O High Level Champion atua como um elo entre as deliberações da conferência e a sociedade civil, especialmente o setor empresarial, facilitando a implementação das decisões tomadas.
A escolha do candidato será formalmente realizada pelo CEO da COP30, André Corrêa do Lago, que é também secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores. No entanto, o nome indicado precisará receber a aprovação do Palácio do Planalto, o que implica em uma intensa negociação política nos bastidores, especialmente nos dias que antecedem o anúncio, previsto para ocorrer em breve.
Entre os candidatos, Elbia Gannoum se destaca como um dos favoritos dentro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Com formação em Economia, ela possui uma forte presença nas altas esferas do governo petista, tendo já discutido seu interesse no cargo com diversos ministros. Suas relações com os setores políticos foram estabelecidas ao longo de mais de duas décadas, muito devido à sua proximidade com Dilma Rousseff, quando esta ocupava o ministério de Minas e Energia durante o primeiro mandato de Lula. Gannoum também exerceu a função de diretora da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) no segundo governo Lula e no início do primeiro governo de Dilma.
Aliado a essas conexões políticas, Gannoum consolidou suporte entre líderes dos setores de clima e energia, que são de extrema importância em qualquer conferência da COP. Um nome igualmente forte nos bastidores é Marina Grossi, que, desde 2010, à frente do CEBDS, é uma figura chave na discussão de sustentabilidade no Brasil.
Com ampla experiência, Grossi já negociou em COPs anteriores como representante do governo durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Ela defende uma agenda substancial de colaboração entre as esferas pública e privada, e recentemente apresentou ao CEO da COP uma carta contendo propostas para estreitar essa atuação conjunta.
Outro forte candidato é Dan Ioschpe, proprietário da Iochpe-Maxion, que se destaca no setor automotivo. Ele é amplamente respeitado entre os empresários, especialmente por seu desempenho como Chair do B20 Brasil, fórum empresarial do G20. Atualmente, Ioschpe também ocupa a vice-presidência da Fiesp e é membro ativo do Conselho de Administração do Sindipeças e do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), organizações de grande influência no âmbito empresarial.
Já Marcelo Behar, que integrou o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) e foi vice-presidente da Natura, também busca a indicação. Ele é bem visto pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, especialmente considerando que o ex-CEO da Natura, Guilherme Leal, foi candidato a vice de Marina em 2018. No entanto, a assessoria da ministra declara não ter conhecimento sobre uma preferência explícita por Behar.
Aqueles que acompanham o desenrolar do processo acreditam que esses candidatos estão à frente na disputa, mas ressaltam que ainda podem surgir outros nomes inesperados. No final do ano passado, outros dois concorrentes, Patrícia Ellen, ex-secretária de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, e Marcello Brito, um dos principais aliados do governador do Pará, Helder Barbalho, também estavam na disputa.