Mais de 300 civis pertencentes à minoria alauíta foram mortos desde a última quinta-feira na região noroeste da Síria, conforme informações do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). As forças de segurança do novo regime estariam realizando execuções contra civis associados à família Assad, em um contexto de combates com grupo leais ao ex-ditador Bashar al-Assad.
A ONG destacou: "Na maior vingança coletiva, 340 cidadãos foram mortos e executados a sangue frio na costa e nas montanhas de Latakia". Além disso, a violência resultou na morte de mais de 200 combatentes de ambos os lados, aumentando o total de fatalidades para mais de 540 desde o início dos confrontos.
Esta situação representa a pior onda de violência experimentada pelo país desde a derrubada do regime de Assad em dezembro de 2024, quando uma aliança de grupos rebeldes liderados pelo islamista Ahmed al-Sharaa assumiu o poder. Desde então, a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) afirma que mais de 300 mil refugiados sírios retornaram ao país. Al-Sharaa fez promessas de unir uma Síria devastada por 14 anos de guerra e de respeitar os direitos humanos, assegurando que não permitiria vinganças sectárias.
A minoria alauíta, que pertence ao ramo xiita do islamismo, representa cerca de 10% da população síria e inclui a famosa família Assad. A comunidade está predominantemente concentrada nas províncias costeiras de Latakia e Tartus, que foram fortemente controladas pelo regime anterior. Segundo a OSDH, as autoridades atuais de Damasco e seus aliados estariam cometendo "crimes" que lembram as operações das forças de segurança do antigo regime de Assad.
A ONG também mencionou que os "massacres" mais recentes ocorreram em cidades como Baniyas, na província de Tartus, e áreas rurais de Latakia, onde a violência começou a eclodir na última quinta-feira. Além disso, pelo menos 89 membros dos ministérios sírios de Interior e Defesa foram mortos em confrontos diretos, com 120 insurgentes pró-Assad também registrados como baixas até o momento.
Os distúrbios começaram após um ataque dos insurgentes alauitas às forças de segurança na cidade de Jableh, em Latakia, provocando a onda de violência mais intensa desde a queda do regime de Assad, que ocorreu em 8 de dezembro do ano passado. O Observatório informou que as forças de segurança sírias continuam a perseguir os remanescentes leais a Assad, com relatos de "combates de rua" ocorrendo em várias localidades de Latakia e Tartus. As novas forças sírias são compostas, em sua maioria, por ex-combatentes da aliança islâmica Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que liderou a ofensiva contra Assad e que possui raízes na Frente Nusra, uma ex-afiliada da Al-Qaeda na Síria.