O presidente da França, Emmanuel Macron, fez declarações contundentes nesta quinta-feira, 6 de março, em resposta a um alerta do Kremlin sobre suas recentes falas em relação à Rússia. Durante uma cúpula da União Europeia em Bruxelas, Macron abordou o rearmamento da Rússia, que se intensificou após a invasão da Ucrânia, e expressou preocupação com a possibilidade de novos ataques a países vizinhos, enfatizando a necessidade de uma resposta firme e decisiva.
"Eu conheço bem o presidente Putin. Se ele está reagindo assim, é porque ele sabe que o que eu disse é verdade", afirmou Macron. Ele referiu-se ao que considera um erro histórico por parte do presidente russo, comparando sua postura à de Napoleão, que também buscou conquistas na Europa. "O único poder imperialista que vejo na Europa agora é a Rússia", destacou o líder francês, respondendo a uma questão levantada por um jornalista russo exilado na França.
Macron, que estava em Bruxelas para discutir questões de segurança com outros líderes europeus, ressaltou que já conhecia a disposição de Putin de desconsiderar acordos anteriores, como os tratados de Minsk, que foram firmados com a França, Alemanha e Ucrânia após a anexação da Crimeia em 2014. "Ele provavelmente ficou irritado pelo fato de estarmos expondo seu jogo", disse.
Além dos comentários sobre a Rússia, o presidente francês também respondeu aos questionamentos sobre a posição dos Estados Unidos. Em particular, ele se referiu a declarações do ex-presidente Donald Trump, que questionou se a França ajudaria os EUA caso fossem atacados. Macron recordou que França e outros países europeus estiveram ao lado dos americanos na luta no Afeganistão após os atentados de 11 de setembro de 2001. "Não apenas os franceses, mas os europeus estavam lá quando fomos chamados para o Afeganistão. E, a propósito, eles não foram educadamente avisados quando (os EUA deixaram o Afeganistão)", acrescentou, reafirmando o compromisso da França com seus aliados. "Somos aliados leais e fiéis", disse.
O presidente francês também comentou sobre a possibilidade de expandir a dissuasão nuclear da França para outros países europeus. Ele afirmou que recebeu abordagens de líderes durante a cúpula da UE e espera ver avanços nesse sentido até o final do primeiro semestre de 2025, após conversas técnicas. Para tal, Macron convidou outros líderes da União Europeia para uma reunião com chefes de exércitos europeus, agendada para a próxima terça-feira, 11 de março.