O Carnaval brasileiro é um exemplo extraordinário de como um megaevento pode unir pessoas de diferentes origens, celebrando a cultura popular com alegria e criatividade. Esta festa não apenas gera um impactante retorno financeiro, mas também se destaca por sua diversidade cultural. Como mencionou Fernanda Torres: "O Brasil é uma ilha continental. O Brasil tem esse complexo de vira-lata e, ao mesmo tempo, tem pena do mundo não saber do que a gente sabe."
Alexander Busch, um renomado jornalista que participa do Carnaval há 30 anos, compartilha suas reflexões sobre essa celebração. Ele comenta: “No Carnaval, cada um se expressa no meio dessa massa humana como bem deseja. E isso com uma alegria que eu raramente vejo na Alemanha.” Essa declaração realça a unicidade da festa, onde as pessoas se libertam para se expressar em meio à alegria vibrante que contamina todos os presentes.
Assistir ao Carnaval em Salvador sempre deixa Busch maravilhado. Ele percebe uma combinação fascinante de liberdade e organização, o que é especialmente impressionante quando se considera o desafio que essa grandiosidade representa. Salvador, com uma população de mais de 2,5 milhões de habitantes, recebe anualmente cerca de 11 milhões de foliões durante o Carnaval, dos quais 3,5 milhões são turistas. Gerenciar essa grande afluência é um desafio logístico colossal, especialmente em uma cidade com tanta desigualdade social e altas taxas de criminalidade.
Ao comparar o Carnaval com o Ano Novo em Berlim, Busch se pergunta se a capital alemã conseguiria lidar com um evento de tal magnitude. O controle e a energia empregados na segurança e na logística durante o Carnaval são impressionantes. Os vendedores informais, técnicos de som e outros profissionais trabalham ativamente para garantir que tudo funcione sem problemas, destacando a eficácia com a qual a economia informal se envolve no evento principal.
Além de ser uma celebração cultural, o Carnaval é também uma fonte vital de riqueza para a economia local. Os efeitos da pandemia, que resultou no cancelamento do Carnaval por dois anos, foram sentidos amplamente. Empresários de camarotes e trios, músicos e diversos trabalhadores que dependem da festa perceberam a falta de renda nesse período. A presença de policiais e fiscais durante o evento demonstra a conscientização sobre segurança e responsabilidade.
A alegria contagiante do Carnaval é algo notável. A liberdade de expressão durante a festa permite que todos se sintam à vontade em meio à multidão. Essa diversidade cultural é também uma das características mais emblemáticas do evento. Blocos icônicos como Olodum e Ilê Aiyê, afoxés como os Filhos de Gandhy e artistas de renome como Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Saulo são apenas alguns dos elementos que formam essa festa vibrante.
A experiência do Carnaval pode ser difícil de descrever para quem nunca participou. A variedade de ritmos e estilos, desde o axé até o pagode, cria uma atmosfera de euforia. Mesmo se a audiência mudar ou se tornar mais seletiva, a força do Carnaval persiste, representando uma cultura popular rica e diversificada que cativa e encanta. É uma festa que deixa uma marca indelével na memória de todos que têm a sorte de vivenciá-la.
Alexander Busch, correspondente na América do Sul há mais de 30 anos, é um observador atento do Brasil e suas complexidades. Nascido na Venezuela e com formação em economia e política, ele traz uma perspectiva valiosa sobre as nuances culturais do país. Seu trabalho não só informa, mas também celebra a complexidade e a riqueza do Brasil através do Carnaval.
Assim, o Carnaval se revela como um fenômeno social e econômico que merece um reconhecimento mais amplo. Ao celebrar essa festa, o Brasil não apenas exibe sua capacidade de unir milhões de pessoas, mas também demonstra sua habilidade em transformar alegria e cultura em um impacto positivo e duradouro. É uma narrativa que vale a pena compartilhar e discutir.