O ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, voltou a criticar as decisões judiciais que o tornaram inelegível por um período de oito anos. Em uma declaração recente, Bolsonaro afirmou que só indicaria um candidato para as eleições presidenciais de 2026 'depois de morto'. Sua inelegibilidade foi determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em razão de acusações de abuso de poder político e uso inadequado dos meios de comunicação.
Durante uma coletiva à imprensa, logo após desembarcar no Aeroporto de Brasília, ele afirmou que sua ausência em uma candidatura alternativa não atrapalha o processo democrático. 'Se eu não participar [do pleito], é uma negação à democracia. Apenas depois de morto indicarei outro candidato', destacou. Bolsonaro enfatizou que não acredita estar obstruindo a direita ao não lançar outro nome e sugeriu que outros partidos possuem condições de apresentar seus próprios candidatos: 'Cada partido deve se apresentar, lançar o candidato e começar a percorrer o Brasil, como eu fiz'.
Em fevereiro, o senador Flávio Bolsonaro, seu filho mais velho, reconheceu que há nomes viáveis na direita que poderiam representar uma alternativa à candidatura de seu pai. Segundo Flávio, presidentes de diversos partidos têm sondado ele e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, como possíveis figuras do cenário político. Entre os nomes mencionados para uma candidatura alternativa estão os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Júnior (Paraná). Caiado, que também enfrenta inelegibilidade, programou um evento para o dia 4 de abril, onde poderá lançar sua pré-candidatura, cogitando formar uma chapa com o cantor Gusttavo Lima.
No início do ano, Jair Bolsonaro já havia comentado sobre a possibilidade de uma candidatura de Michelle, Flávio ou seu outro filho, o deputado Eduardo Bolsonaro. Ele manifestou que uma eleição sem sua participação se assemelharia à realidade da Venezuela. Contudo, a luta jurídica de Bolsonaro vai além da inelegibilidade. Ele enfrenta denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada e dano qualificado ao patrimônio da União.
Na mesma coletiva, o ex-presidente sublinhou a importância do evento de sua defesa perante o Supremo Tribunal Federal (STF), que está prestes a deliberar sobre os processos contra ele. Um dos pedidos da defesa é que não seja julgado pela Primeira Turma do STF, cujo grupo é composto por ministros conhecidos por suas posições críticas. Na tentativa de justificar suas alegações, Bolsonaro comparou sua situação à do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi julgado pelo ex-juiz Sérgio Moro. Ele questionou: 'Se sou tão criminoso assim, por que não seguir o devido processo legal? Onde o Lula foi julgado? Não foi em Curitiba?'. Referiu-se aos processos de Lula, que foram anulados pelo ministro Edson Fachin, do STF, devido à falta de competência da Vara que os havia julgado, ressaltando a diferença de tratamento que alega receber.
Com diversos desdobramentos políticos e judiciais, o futuro de Jair Bolsonaro e seu papel nas eleições de 2026 ainda estão envoltos em incertezas. A expectativa é que novos movimentos políticos surjam à medida que o calendário eleitoral se aproxime, especialmente considerando que muitos possíveis candidatos têm se manifestado. As próximas semanas devem trazer mais clareza sobre quem realmente estará na corrida eleitoral e como os partidos da direita se organizarão diante de um cenário tão complexo.