As bolsas de valores da Europa sofreram uma queda significativa nesta terça-feira, refletindo um movimento de liquidação global, após a implementação das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos sobre Canadá, México e China. Isso gerou preocupações com o efeito que essa medida pode ter sobre o crescimento econômico global, além de levantar a possibilidade de que a Europa também seja afetada por tarifas semelhantes.
O índice pan-europeu STOXX 600 encerrou suas atividades com uma queda de 2,1%, marcando a pior performance diária desde agosto de 2024. As principais bolsas regionais também fecharam em território negativo, com o índice de referência da Alemanha registrando uma queda de 3,5% em relação aos recordes atingidos na segunda-feira anterior.
As tarifas começaram a valer no início do dia, surpreendendo o mercado que ainda nutria esperanças de que houvesse uma nova rodada de negociações que pudesse adiar a implementação. O setor automotivo foi o mais afetado por essas novas imposições, com ações de montadoras como a Stellantis caindo 10,2%, enquanto a BMW viu suas ações desvalorizarem em 5,9% e a Ferrari em 4,4%. Esse panorama levou o setor de automóveis e peças a registrar uma queda de 5,4%, a maior já vista desde março de 2022.
De acordo com Joris Franssen, responsável pela equipe de dividendos e valor da Van Lanschot Kempen, "Até alguns dias atrás, ainda havia esperança de que Trump estivesse apenas fazendo ameaças em relação às tarifas, mas agora está claro que elas foram implementadas, e os mercados internacionais estão um pouco chocados com isso". Os setores de serviços financeiros e bancos também foram impactados negativamente, com quedas de 3,7% e 3,8%, respectivamente. Além disso, a recente desvalorização dos preços do petróleo também pressionou as ações do setor de energia, que recuaram 4,2%.
A incerteza foi ampliada pelo aumento do índice de volatilidade Euro, que subiu para 22,90 pontos, o nível mais alto desde agosto de 2024. A China, que também foi impactada pelas tarifas, respondeu impondo uma taxa de 10% a 15% sobre certos produtos dos Estados Unidos. Isso provocou uma queda nas ações de empresas de luxo com significativa exposição ao mercado chinês, como Hermes, Kering e LVMH, que reportaram perdas entre 2% e 4%.
O setor aeroespacial e de defesa, que havia alcançado uma valorização recorde nas sessões anteriores devido às expectativas de aumento nos gastos militares na região, também sofreu um retrocesso, com uma queda de 1,5%. Essa situação atual continua a gerar incertezas e a impor desafios aos investidores, que agora enfrentam um cenário de volatilidade e riscos crescentes nas bolsas de valores europeias.