O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está promovendo uma nova rodada de negociações para a reforma ministerial, com um foco especial em reestabelecer a conexão com sua base histórica. Essa iniciativa surge em um contexto de crescente insatisfação entre os movimentos sociais, que se sentem frustrados com a atual gestão após dois anos de mandato.
A presença de conselheiros próximos ao presidente é marcada por uma clara preocupação em relação ao futuro político, especialmente com as eleições de 2026 se aproximando. Existe um temor generalizado de que a desilusão dos movimentos sociais possa comprometer a capacidade de mobilização do governo, a qual já está abaixo do que foi observado em administrações anteriores de Lula.
Um ponto central nesta articulação política é a Secretaria-Geral da Presidência. Com a nomeação de Gleisi Hoffmann para a pasta de Relações Institucionais, a busca por um novo nome que consiga alinhar melhor os interesses do governo com os de movimentos sociais se intensificou. De acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, o nome de Guilherme Boulos começou a ganhar destaque como uma possível opção para ocupar essa importante pasta. Outros nomes ainda estão sendo considerados, incluindo o ex-ministro Paulo Pimenta, que havia sido cotado para o cargo quando deixou a Secretaria de Comunicação Social.
Se a articulação em torno de Boulos avançar, poderá reacender uma discussão antiga sobre a filiação dele ao PT. Somente em 2020, essa demanda foi levantada durante as negociações para que Lula apoiasse a candidatura de Boulos à Prefeitura de São Paulo. Embora o deputado tenha mostrado resistência a essa ideia, muitos petistas acreditam que uma filiação poderia facilitar sua ascensão em futuras escolhas eleitorais.
Outro fator que merece atenção é o fato de que o PSOL já está à frente do Ministério dos Povos Indígenas. Dentro do Partido dos Trabalhadores, há uma percepção de que entregar a Secretaria-Geral ao PSOL seria uma forma de superdimensionar a presença da sigla no governo.
Além disso, as discussões em torno da reforma ministerial também tocam a pasta do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, atualmente sob a liderança de Paulo Teixeira. Durante os últimos dois anos, Teixeira tem tentado apaziguar as demandas dos movimentos de luta pela terra, que estão insatisfeitos com os avanços na reforma agrária ao longo do governo Lula.
Apesar de circularem rumores sobre uma possível troca no ministério, há uma corrente dentro do PT que acredita que o presidente sinalizou sua intenção de manter Teixeira no cargo. A confirmação desse apoio deve acontecer nos próximos dias, quando Lula e o ministro estarão juntos em uma viagem a Minas Gerais, onde farão visitas a assentamentos do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Essa nova fase de articulação política parece ser essencial para Lula, pois a restauração da relação com os movimentos sociais pode ser a chave para garantir um governo mais coeso e eficaz nesta atual gestão. O futuro político do presidente e a mobilização de sua base dependem fortemente da capacidade de atender às aspirações e necessidades dessas organizações que representam diversos setores da sociedade.