O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, anunciou nesta segunda-feira que seu gabinete solicitou a revisão das medidas de detenção de 110 indivíduos detidos durante protestos contra as eleições presidenciais programadas para julho de 2024. Com essa ação, o número total de manifestantes liberados nos últimos meses chega a 2.006.
A Procuradoria-Geral tem promovido a libertação de manifestantes que foram detidos em protestos contra o governo atual, que defende que o presidente Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato. Essa situação gerou grande controvérsia tanto no país quanto no exterior.
A oposição venezuelana, assim como grande parte da comunidade internacional, rejeitam os resultados oficiais das eleições ocorridas em 28 de julho, divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que proclamam a vitória de Maduro com mais de 50% dos votos. Contudo, os resultados do CNE não foram validados com a apresentação das atas eleitorais que descrevem os votos por mesa de votação, uma prática comum em processos eleitorais.
A oposição venezuelana, representada por figuras como o ex-diplomata Edmundo González, que é próximo à líder opositora María Corina Machado, apresentou atas que, segundo eles, indicariam uma vitória de quase 70% para Gonzalez. Esta situação gerou um forte embate, já que González foi impedido de concorrer nas eleições.
O chavismo, por sua vez, argumenta que cerca de 80% dos documentos revelados pela oposição são forjados. Entretanto, os aliados de Maduro não forneceram nenhuma prova em contraposição, como atas eleitorais que sustentem sua legitimidade. Além disso, o Ministério Público da Venezuela iniciou uma investigação contra González devido à divulgação das atas. Essa ação é justificada pela acusação de usurpação das funções do poder eleitoral.
González já foi intimado a depor sobre a publicação dessas atas em três ocasiões e, diante de um mandado de prisão contra ele, buscou asilo na Espanha no início de setembro. A situação política na Venezuela tem sido marcada por uma série de arrestos, com aproximadamente 2.400 opositores sendo detidos desde o início do atual processo eleitoral, resultando na morte de 24 pessoas, segundo informações de organizações de direitos humanos.