A administração americana anunciou recentemente que irá interromper a assistência militar para a Ucrânia, que está em conflito desde a invasão da Rússia há três anos. Segundo uma fonte da Casa Branca, isso ocorre em um esforço para promover uma solução pacífica para a guerra. "O presidente deixou claro que está focado na paz. Precisamos que nossos parceiros também estejam comprometidos com esse objetivo. Estamos pausando e revisando nossa ajuda para garantir que ela esteja contribuindo para uma solução", afirmou a fonte em entrevista à CBS.
O portal Bloomberg, que foi o primeiro a relatar a suspensão da ajuda, afirmou que todo o equipamento militar americano que não se encontra na Ucrânia, como armas em trânsito e armazenadas em depósitos, ficará inacessível. Em declaração, o secretário de Estado Marco Rubio classificou Trump como "o único líder no mundo hoje que tem uma chance de trazer um fim duradouro para a guerra na Ucrânia". Rubio acrescentou que o governo deseja levar a Rússia a uma mesa de negociações e explorar se a paz é realmente viável.
Trump também expressou sua frustração com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que afirmou recentemente que o fim do conflito com a Rússia está "muito, muito distante". Em uma publicação na rede Truth Social, Trump questionou: "O que eles estão pensando?" Em um encontro na Casa Branca no final de fevereiro, que teve como objetivo discutir um acordo para minerais ucranianos, uma troca de palavras entre Trump e Zelensky ocorreu. O americano acusou o ucraniano de estar "jogando com a Terceira Guerra Mundial", enquanto Zelensky rebateu as declarações do vice-presidente dos EUA, JD Vance, que afirmara que o "caminho para a paz" deveria passar pela diplomacia.
Durante essa discussão acalorada, Zelensky ressaltou que, apesar da distância geográfica, os Estados Unidos sentiriam os efeitos da guerra em seu futuro. Em resposta, Trump disse que o presidente ucraniano não deveria apontar como os americanos devem se sentir, uma vez que ele não está em posição de fazê-lo. Trump então lançou um ultimato: "Ou vocês fazem um acordo, ou estamos fora". Após o desentendimento, Zelensky foi instruído a deixar a Casa Branca, levando ao cancelamento de uma entrevista coletiva previamente agendada e do acordo sobre minerais.
Em uma declaração à Fox News, o vice-presidente JD Vance afirmou que as portas para negociações entre Putin e Zelensky estão "abertas", mas criticou a postura do presidente ucraniano durante a visita à Casa Branca. "Contanto que Zelensky esteja disposto a falar seriamente sobre paz... Você não pode entrar no Salão Oval ou em qualquer outro lugar e se recusar a discutir os detalhes de um acordo de paz", declarou Vance.
Michael Carpenter, ex-diretor do Conselho de Segurança Nacional dos EUA durante a gestão de Joe Biden, descreveu a pausa na ajuda militar como "espantosa". Segundo ele, "Nesta guerra, há um agressor e uma vítima muito claros. A Rússia é o agressor e a Ucrânia é a vítima, e estamos agindo como se fosse o inverso. É espantoso que os Estados Unidos estejam fazendo isso".
Trump, em seu segundo mandato, tem surpreendido ao tentar reestabelecer laços com Moscou, evitando responsabilizar a Rússia pela guerra na Ucrânia. A jornalista da BBC, Nomia Iqbal, ressaltou que essa suspensão parece ter o objetivo de pressionar Zelensky a fazer concessões. Ela destacou que o presidente ucraniano já demonstrou disposição para ceder, sugerindo que alguns territórios sob ocupação russa pudessem permanecer assim, enquanto outras áreas poderiam ser integradas à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em fevereiro, Zelensky chegou a afirmar que renunciaria em troca da adesão da Ucrânia à Otan. Contudo, Trump rejeitou a adesão da Ucrânia à aliança, alinhando-se assim à visão de Moscou. "Trump nunca deixou claro quais concessões espera da Rússia, que invadiu a Ucrânia", destacou Iqbal.