Gleisi Hoffmann assume a Secretaria de Relações Institucionais, em uma movimentação que visa reforçar o núcleo político do presidente Lula, especialmente com vistas às eleições de 2026.
A escolha de Gleisi para o lugar de Alexandre Padilha consolidou uma mudança significativa na estrutura ministerial, com o objetivo de aumentar a confiança do presidente em seu círculo mais próximo, embora também resulte em um distanciamento das relações com o Congresso. A nova ministra afirmou seu compromisso de promover um diálogo construtivo com as diversas siglas e lideranças políticas, buscando a construção conjunta com os partidos aliados, assim como com a Câmara e o Senado Federal. “Com imensa responsabilidade, recebo do presidente @LulaOficial a condução da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. Sempre entendi que o exercício da política é o caminho para avançarmos no desenvolvimento do país e melhorar a vida do nosso povo”, repudiou Gleisi em suas redes sociais.
A cerimônia de posse está agendada para o dia 10 de março. A nomeação de Gleisi também reflete tensões existentes na equipe econômica do governo, sendo uma figura que já deixou claro seu descontentamento com as posturas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Gleisi e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, têm criticado abertamente determinadas decisões da Fazenda, que consideram excessivamente “fiscalistas”. Em relação ao Banco Central, a nova ministra questiona constantemente os altos índices de juros e tem se referido a Galípolo como uma “vítima” das políticas estipuladas pelo ex-presidente do banco, Roberto Campos Neto.
As expectativas em relação ao impacto da nova secretária são divergentes. Alguns setores do Legislativo acreditam que a chegada de Gleisi poderá contribuir para a formação de um “núcleo duro” no Palácio do Planalto, vital para fortalecer o discurso governamental nas próximas eleições. A experiência de Gleisi como articuladora política, especialmente durante sua passagem pela Casa Civil no primeiro governo da presidenta Dilma Rousseff, é vista como um fator positivo nesse cenário.
Contudo, há também receios entre a base governista de que essa mudança possa agravar a já difícil relação entre o governo e o Congresso. Durante a transição, havia uma expectativa de que um nome mais associado ao Centrão fosse escolhido para o cargo, pois muitos acreditam que isso poderia facilitar a articulação com os legisladores. Gleisi, por sua vez, encontra desafios na comunicação com os setores menos influentes da Câmara e do Senado e se mantém crítica em relação às emendas parlamentares.
Enquanto alguns ministros do Supremo Tribunal Federal expressam satisfação com a visão de Gleisi sobre as verbas, considerando que sua abordagem é muito alinhada à do ministro Flávio Dino, outras avaliações no cenário político indicam que seu discurso reto em relação à rastreabilidade e ao adequado uso dos recursos tem gerado apreensão.
Dessa forma, a chegada de Gleisi Hoffmann à Secretaria de Relações Institucionais não apenas marca uma nova fase na estratégia política de Lula, mas também indica as complexidades do ambiente legislativo que o governo enfrenta. O cenário é de expectativa, em meio a um momento em que a articulação política se torna ainda mais imprescindível.
Este contexto reflete a atual situação do governo, que busca alinhar as diversas frentes políticas e garantir uma base sólida para os desafios futuros.