A Casa Branca impôs restrições ao acesso de jornalistas da Reuters e de outras agências de notícias durante a primeira reunião do gabinete do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizada na última quarta-feira (26). Repórteres da Associated Press, Souza, e veículos como HuffPost e Der Tagesspiegel, um jornal alemão, ficaram de fora do evento, enquanto equipes de cobertura da ABC, Newsmax, Axios, Blaze, Bloomberg News e NPR puderam participar.
No dia anterior, o governo Trump anunciou que a administração escolheria os veículos de comunicação autorizados a cobrir o presidente em espaços menores, como no Salão Oval. Tradicionalmente, a Associação dos Correspondentes da Casa Branca organiza a rotatividade de jornalistas que cobrem a presidência. Desde há décadas, a Reuters faz parte desse grupo.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karolina Leavitt, declarou que organizações tradicionais de mídia ainda poderão acompanhar Trump diariamente. Contudo, o novo formato define mudanças sobre quem estará presente em espaços menores durante os eventos oficiais.
O sistema de organizações de imprensa, por meio da Associação de Correspondentes, permitia que jornalistas selecionados de diferentes mídias cobrissem eventos e compartilhassem as informações com o público em geral. Três das agências que foram excluídas do recente evento — AP, Bloomberg e Reuters — emitiram um comunicado em conjunto, no qual expressaram preocupação sobre a nova política da Casa Branca. Elas destacaram: “Trabalhamos há muito tempo para garantir que informações precisas, justas e oportunas sobre a presidência sejam comunicadas a um público amplo, independente de suas convicções políticas, nos Estados Unidos e no mundo todo. Grande parte da cobertura que chega ao público em sites de notícias, onde quer que estejam, provém das agências de notícias”.
As agências enfatizaram também a importância do acesso à informação em uma democracia: “É essencial que o público tenha acesso a notícias sobre seu governo, provenientes de uma imprensa livre e independente”. Já o HuffPost criticou a decisão da Casa Branca como uma violação do direito à liberdade de imprensa, consagrado na Primeira Emenda da Constituição americana. O Der Tagesspiegel, por sua vez, não comentou o assunto inicialmente, enquanto a Associação dos Correspondentes da Casa Branca lançou um comunicado na terça-feira contestando as novas diretrizes da administração.
A decisão de restringir o acesso com a exclusão da Associated Press do “pool” da Casa Branca se deu após a agência se recusar a adotar uma nova nomenclatura imposta pelo governo. A agência objetou a se referir ao Golfo do México como Golfo da América, título atribuído por Trump, e a mudar seu manual de redação, amplamente utilizado, para incluir essa modificação.