Uma força-tarefa do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e da Polícia Federal resultou na prisão de um policial civil durante uma operação em São Paulo. O objetivo da ação é desarticular um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que operava por meio de fintechs.
A operação destaca-se como um desdobramento da delação de Vinicius Gritzbach, um delator do PCC que foi assassinado em 2024, no Aeroporto Internacional de São Paulo. De acordo com informações da Polícia Federal, cerca de R$ 30 milhões podem ter sido lavados através de duas instituições financeiras digitais.
As empresas investigadas supostamente simulavam a compra de imóveis, direcionando os depósitos recebidos para contas em nome de terceiros. O policial Cyllas Elia Junior, que foi preso, é CEO da 2GO Bank, uma das fintechs alvo da investigação, junto com a InvBank.
Segundo as investigações, esses locais movimentavam quantidades significativas de recursos da facção criminosa, ocultando sua origem ilegal através de transações com imóveis. Após um período afastado, Elia Junior retornou à sua função na Polícia Civil, onde estava vinculado ao Decap, a divisão que supervisiona as delegacias da capital.
Vale destacar que, em 2023, ele já havia sido preso em outra operação da PF em Campinas, acusado de lavagem de dinheiro para organizações criminosas de origem chinesa. Ele foi solto no final de 2024.
A defesa do policial civil informou que não tinha conhecimento sobre sua prisão e optou por não se manifestar neste momento. A legislação pertinente à Polícia Civil não proíbe a participação de seus membros em empresas privadas.
Além da prisão do policial, também foram executados mandados de busca e apreensão nas sedes das fintechs e em endereços de seis pessoas associadas a elas. As fintechs se destacam pelo uso de tecnologia para oferecer serviços financeiros, como transferências e pagamentos internacionais. No Brasil, há uma variedade de categorias de fintechs, incluindo crédito, gestão financeira, e câmbio.
No entanto, os investigadores apontam que a atual regulamentação do setor apresenta brechas que dificultam a supervisão por parte do Banco Central. As duas fintechs em questão movimentaram valores expressivos, com cerca de R$ 30 milhões em operações detectadas.
Em 2022, o 2GO Bank organizou um evento em São Paulo focado em segurança bancária online, com a presença de várias autoridades, incluindo o delegado-geral da Polícia Civil do Estado e promotores do Cyber Gaeco.
As investigações do Gaeco e da PF revelaram um esquema complexo envolvendo o uso indevido de tecnologias financeiras para encobrir atividades ilícitas, como a movimentação de valores em espécie e a sua realocação para criar uma aparência de legalidade, favorecendo o PCC.
Os dados apurados indicam que as fintechs direcionavam os depósitos para contas controladas por “laranjas”, mantendo gestão total sobre essas contas. Este tipo de operação levanta sérias preocupações sobre a eficácia das atuais normativas que regulamentam o setor financeiro digital no Brasil.
O Ministério Público e a Polícia Federal reafirmam seu compromisso em combater a lavagem de dinheiro e a criminalidade organizada, destacando a importância de ações integradas e efetivas para desmantelar redes que operam à margem da lei.
As operações em curso são um forte sinal da determinação das autoridades em desmantelar esquemas que exploram brechas na legislação e continuam a ameaçar a segurança e a integridade do sistema financeiro nacional.
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