O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) manifestou seus sentimentos a respeito da recente denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), que o acusa junto a mais 33 pessoas de uma tentativa de golpe de Estado. Durante uma entrevista à rádio CBN Recife, ele comentou sobre a possibilidade de prisão e expressou sua insatisfação com o fato do seu processo estar sob responsabilidade da 1ª turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, aproveitou a oportunidade para lançar provocações a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora não tenha mencionado o nome do petista.
"Ninguém gosta dela [da prisão] e essa possível prisão, se ocorrer, será por arbitrariedade. Eu costumo dizer: se eu sou tão criminoso assim, por que não seguiu o devido processo legal? O meu foro não é Brasília, como o do Lula não foi. Se fosse em Brasília, seria pelo plenário do Supremo e não por uma turma do Supremo", afirmou Bolsonaro.
Ainda em sua fala, o ex-presidente destacou: "Esperar prisão de jeito nenhum. Alguns dizem até que eu estou pensando em fugir. Eu estive nos Estados Unidos por três meses, poderia ter ficado lá, tive oferta para trabalhar lá. Voltei para enfrentar a situação aqui e buscar realmente o meu espaço político para 2026. Uma eleição em 2026 sem meu nome é a negação da democracia".
Bolsonaro também traçou comparações entre sua situação judicial e a de Lula, expressando sua preferência por que o julgamento não ocorresse na primeira turma do STF. Ele questionou a legitimidade do foro utilizado e ressaltou: "O que eu gostaria que acontecesse é que a instância não fosse essa. A instância é a primeira instância. Onde Lula foi julgado, não foi em Curitiba? Está na Constituição o foro de ex-presidente? Não está. Assim como essas pessoas que estão condenadas a 17 anos de cadeia, o foro é primeira instância. Estão forçando a barra. O que é que eles querem? Me tirar de combate".
Além das críticas, o ex-presidente lançou ironias em direção a Lula e apresentou sua visão de que o processo judicial em curso se trata de uma manobra para excluí-lo das eleições de 2026. Atualmente, Bolsonaro encontra-se inelegível por oito anos em razão de abuso de poder econômico e uso indevido de meios de comunicação. Ele declarou: "Tentaram de tudo comigo, agora estão com esse papinho de golpe. Geralmente, quem dá golpe está no poder. Sabemos a dificuldade que o Brasil está atravessando por termos um corrupto, um ex-presidiário na presidência. E eles, obviamente, com ajuda de outro Poder, querem evitar que a gente dispute as eleições".
Após a entrevista, Bolsonaro se dirigiu a seus apoiadores e intensificou seu discurso, afirmando: "Quem decide quem vai ser o presidente é o povo, não um monocrata. Não é alguém do time do lado de lá. Se ele não teme as eleições e defende a democracia, vem disputar comigo".
A denúncia da PGR é extensa e inclui acusações contra Bolsonaro, como liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da união e deterioração de patrimônio tombado. Não é apenas o ex-presidente que enfrenta essas acusações; também são alvos da denúncia o ex-ministro general Braga Netto, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, além de outros 31 indivíduos. O relatório da PGR aponta que a intenção era criar uma "falsa realidade de fraude eleitoral" para que a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 não fosse considerada um acaso, servindo assim de justificativa para os atos que se seguiram após essa derrota.
Por fim, a investigação indica que Bolsonaro tinha conhecimento de um plano para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.