A Alemanha se prepara para um momento decisivo neste domingo (23), quando os cidadãos irão às urnas para as eleições antecipadas do parlamento, conhecido como Bundestag. Esta votação acontece em meio a uma crise política que se intensificou no país após o colapso da coalizão governamental, resultado de desavenças sobre a economia em novembro do ano passado. A situação levou a um voto de desconfiança, que foi convocado pelo chanceler Olaf Scholz, mas que ele acabou perdendo. Como consequência, o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, decidiu dissolver a Câmara Baixa do Parlamento, convocando a realização de eleições antecipadas para repor a composição do legislativo e encontrar um novo governo.
Nos dias que antecederam as eleições, a Alemanha expressou preocupações sobre uma campanha russa de desinformação que poderia impactar o processo eleitoral. Para aqueles que desejam entender melhor o cenário eleitoral, é importante ressaltar que a população não elege diretamente o novo chanceler. Em vez disso, os alemães votam para escolher os membros do Bundestag a cada quatro anos. O direito ao voto é concedido a todos os cidadãos maiores de 18 anos que residem no país há pelo menos três meses, incluindo os que vivem no exterior. Em torno de 2,3 milhões de pessoas participarão das eleições pela primeira vez em 2025.
Os eleitores estarão responsáveis por escolher um total de 630 representantes para o Bundestag. As seções eleitorais abrirão às 08h (horário local) e fecharão às 18h, correspondentes a 4h e 14h no horário de Brasília. A partir desse momento, os primeiros resultados de boca de urna começarão a ser divulgados. Os votos serão contados manualmente, com o resultado preliminar oficial sendo publicado na manhã seguinte.
O sistema eleitoral na Alemanha exige que os eleitores realizem dois votos. O primeiro é destinado à escolha de um candidato, que pode ser de um partido ou independente, do respectivo distrito federal do eleitor. A Alemanha está dividida em 299 distritos para a realização das eleições federais. O segundo voto é voltado para a escolha de um partido. A quantidade de votos recebidos por um partido determina o número de assentos que ele terá no Bundestag, tornando esse voto essencial para o equilíbrio de forças no parlamento. Para estas eleições, um total de 29 partidos estão participando, porém, não todos estarão concorrendo em todos os estados federais, sendo necessário que os partidos obtenham pelo menos 5% dos votos para garantir uma cadeira no Bundestag.
Após a definição dos parlamentares, as partes envolvidas se reúnem em coalizões para formar a maioria necessária, promovendo a eleição do novo chanceler. No que diz respeito aos principais candidatos, as recentes pesquisas de intenção de voto indicam que o bloco conservador CDU/CSU, liderado por Friedrich Merz, que havia se mantido na liderança nas pesquisas, registrou uma pequena queda para 29%. Por outro lado, a Alternativa para a Alemanha (AfD) subiu um ponto, alcançando 21%. Os social-democratas de Olaf Scholz também caíram para 15%, enquanto os Verdes e os Democratas Livres ficaram estáveis, com 13% e 5%, respectivamente.
É importante mencionar que, dada a posição histórica do país em relação ao nazismo, nenhum partido está disposto a formar coalizões com a AfD, o que torna as negociações para a formação de governo uma tarefa complicada. Diante da situação, Merz provavelmente precisará estabelecer uma coalizão tripartite, o que pode prolongar as discussões, deixando Olaf Scholz em uma posição interina, sem a capacidade de tomar decisões significativas sobre o futuro da maior economia da Europa.
Esse momento crucial para a Alemanha está sendo acompanhado de perto, e o desfecho dessas eleições poderá moldar o cenário político do país nos próximos anos.