Um novo voo trazendo brasileiros repatriados dos Estados Unidos chegou ao Brasil na manhã desta sexta-feira, 21, com 94 pessoas a bordo. Essa aeronave pousou no Aeroporto Internacional de Fortaleza e, ao desembarcarem, dois dos repatriados foram detidos pela Polícia Federal (PF).
De acordo com dados fornecidos pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), havia um mandado de prisão internacional da Interpol que levou à prisão dos indivíduos. Relatórios da PF apontam que um dos presos é acusado de roubo, enquanto o outro responde por envolvimento no recrutamento de pessoas para serem levadas para outros países. As identidades dos detidos não foram divulgadas.
A princípio, informou-se que o voo transportaria 101 repatriados. No entanto, após questionamentos do Terra ao Governo Federal sobre a discrepância nos números, o Itamaraty explicou que 94 era a quantidade final de deportados. Este é o quarto voo de repatriação realizado neste ano. O primeiro ocorreu em 10 de janeiro, com 114 repatriados, durante a administração do democrata Joe Biden. O segundo, em 24 de janeiro, trouxe 88 repatriados, coincidentemente, o primeiro após a posse do republicano Donald Trump. O terceiro voo, em 7 de fevereiro, trouxe 111 brasileiros. Com a chegada deste último voo, o total de deportados dos EUA para o Brasil em 2025 soma 407 pessoas.
Segundo esclarecimentos do Ministério das Relações Exteriores, essas repatriações são resultado de um entendimento formalizado entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos em 2017. O acordo estabelece que brasileiros detidos nos EUA sem possibilidades de apelação em processos judiciais têm o direito de retornar ao Brasil. Dessa maneira, desde então, a frequência de voos com deportados organizados pelo governo norte-americano aumentou. Embora não estejam diretamente ligados à era Trump, o presidente republicano adotou a promessa de intensificar as deportações nos EUA, afirmando que almeja realizar a maior operação de deportação da história do país.
Após a controvérsia envolvendo o tratamento dos repatriados, em que alguns foram acorrentados durante o voo de volta ao Brasil, o governo federal decidiu intensificar a supervisão desse processo, visando garantir um tratamento humanizado. Na sexta-feira, os repatriados foram recebidos por representantes do MDHC em uma operação conjunta que envolveu também o Ministério da Saúde (MS), o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), o Ministério da Defesa (MD) e a Polícia Federal.
Ao desembarcarem em Fortaleza, foi disponibilizada uma estrutura que oferecia acesso a água, alimentação, pontos de energia, internet e banheiros. O MDHC indicou que o local estava equipado com uma equipe multidisciplinar composta por assistentes sociais e psicólogos, além de suporte para orientações em serviços de documentação e regularização migratória.
O voo, operado pela Força Aérea Brasileira (FAB), estava programado para seguir ainda na sexta-feira para o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte. Em Belo Horizonte, seriam oferecidos canais de comunicação para os repatriados, permitindo que entrassem em contato com seus familiares e recebessem orientações sobre serviços públicos de saúde, assistência social e oportunidades de trabalho, tais como a regularização vacinal e a matrícula na rede de ensino.