Quase 53 milhões de eleitores se prepararão para ir às urnas no domingo (23) com o objetivo de escolher os novos representantes do parlamento alemão, o Bundestag. Essa votação antecipada foi convocada após o colapso da coalizão governamental, que ocorreu em novembro do ano passado. Desentendimentos sobre a economia resultaram na demissão do ministro das Finanças pelo chanceler Olaf Scholz. A crise culminou em um voto de desconfiança que levou à dissolução da Câmara Baixa do Parlamento pelo presidente Frank-Walter Steinmeier, forçando a convocação de novas eleições para a formação de um novo governo.
Friedrich Merz, de 69 anos, é o principal candidato à chanceleria, liderando as pesquisas de intenção de voto com aproximadamente 30%, representando o partido de centro-direita União Democrata Cristã (CDU). O CDU está concorrendo neste pleito em aliança com a União Social-Cristã (CSU), uma sigla conservadora da Baviera. Merz, um político experiente e alinhado à ex-chanceler Angela Merkel, foca sua campanha no endurecimento das políticas de imigração. Em declarações à CNN em Berlim, afirmou: “controlaria as fronteiras” e promoveria a deportação de imigrantes indocumentados.
Logo atrás está a Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de ultradireita que tem Alice Weidel como candidata. A AfD também defende acentuadas restrições à imigração, com Weidel protestando contra o que chama de “imigração em massa” que, segundo ela, deve ser revertida. O atual partido do chanceler, os Social-Democratas (SPD), ocupa o terceiro lugar nas pesquisas com 16% das intenções de voto. Apesar disso, em uma entrevista à revista Der Spiegel, Scholz se mostra otimista, afirmando ter 60% de chances de continuar no cargo. O SPD, liderado por Scholz, prioriza questões sociais, defendendo o aumento do salário mínimo e a acessibilidade do custo de vida, além de pleitear uma tributação maior para os mais ricos.
O mecanismo eleitoral na Alemanha não permite a escolha direta do chanceler; em vez disso, os cidadãos elegem os membros do Bundestag a cada quatro anos. Todos os residentes, com 18 anos ou mais e que vivam no país há pelo menos três meses, têm direito ao voto. Aproximadamente 2,3 milhões de eleitores participarão pela primeira vez em 2025. Na eleição, serão escolhidos 630 membros do Bundestag, com as seções eleitorais funcionando das 08h às 18h no horário local (equivalente a 4h às 14h no horário de Brasília). O resultado preliminar será anunciado logo após o fechamento das urnas, com a contagem de votos feita manualmente.
O sistema eleitoral alemão é composto por dois tipos de votos. O primeiro é destinado à escolha de um candidato, que pode ser de um partido ou independente, do respectivo distrito eleitoral. O país é dividido em 299 distritos para esta eleição. O segundo voto é direcionado ao partido, e quanto mais votos um partido recebe, mais assentos conquista no Bundestag, tornando esse segundo voto crucial para o equilíbrio de poder na câmara. Ao todo, 29 partidos disputarão a eleição de 2025, porém nem todos estarão presentes em todas as regiões. Para ter representação no Bundestag, um partido precisa obter pelo menos 5% dos votos.
Após a definição dos parlamentares, eles formam coalizões para assegurar uma maioria e, assim, eleger o novo chanceler. Isso torna improvável que Weidel consiga o cargo mais alto, pois os principais partidos já firmaram um pacto de não cooperação com a AfD no parlamento.
O Bundestag, atualmente com 733 assentos, detém o título de maior parlamento democraticamente eleito no mundo. Contudo, uma nova legislação limitará permanentemente o número de parlamentares a 630. Essa alteração surgiu em resposta a críticas sobre o tamanho crescente do parlamento, que tem gerado dificuldades na votação de leis e elevado os custos de operação. Em 2024, foi orçado um aumento de 250 milhões de euros para o Bundestag em comparação a 2019, refletindo a necessidade de uma gestão mais eficiente dos recursos disponíveis.