No cenário atual, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfrenta críticas preocupantes vindas de seus próprios aliados. Eles expressam um sentimento de "abandono" tanto por parte do governo quanto do Partido dos Trabalhadores (PT) na luta por sua permanência no cargo. A insatisfação decorre da falta de esforços para garantir que, caso Nísia seja realmente demitida, uma mulher a substitua à frente da pasta da Saúde.
Os nomes que estão sendo considerados como possíveis sucessores incluem Alexandre Padilha, atual ministro da Secretaria de Relações Institucionais, e Arthur Chioro, que já exerceu a função de ministro da Saúde durante o governo de Dilma Rousseff. Essas opções acentuam a preocupação com a continuidade da representação feminina no governo.
A pressão sobre Nísia se intensificou, especialmente com o aumento dos casos de dengue, que torna imprescindível a manutenção da ministra na comando da Saúde. Apesar do risco iminente de demissão, Nísia se mantém ativa em sua agenda ministerial, sem desviar sua atenção dos graves problemas de saúde pública.
Outra questão que levanta tensões é o histórico recente de mudanças no governo, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já promoveu a saída de duas mulheres de suas funções, substituindo-as por homens. Ana Moser perdeu sua posição no Ministério dos Esportes para André Fufuca, e Daniela Carneiro foi sucedida por Celso Sabino no Ministério do Turismo. Além disso, Rita Serrano foi substituída na presidência da Caixa Econômica Federal.
A primeira-dama, Janja da Silva, que era vista como uma aliada próxima de Nísia, se mantém em silêncio sobre a possibilidade de mudanças na pasta, o que gera ainda mais incertezas em relação ao futuro político da ministra.
Enquanto isso, um grupo de três conselheiros regionais do Conselho Federal de Medicina (CFM), representando os estados de São Paulo, Mato Grosso e Rio de Janeiro, publicou um vídeo controverso. Nele, acusam Nísia de ser responsável pelo retorno das "sete pragas do Egito" ao Brasil, uma crítica pesada que gerou reação apenas de alguns parlamentares do PT, como a presidente do partido, Gleisi Hoffman, e deputados como Lindberg Farias, Jack Rocha e Maria do Rosário. No entanto, mesmo com essa manifestação, não houve um pedido unânime pela permanência de Nísia ou uma exigência para que a próxima gestão fique sob liderança feminina.
Atualmente, dos 39 ministérios, apenas 10 são ocupados por mulheres, uma realidade que causa preocupação entre os defensores da igualdade de gênero no governo. A situação de Nísia reflete um contexto mais amplo de luta pela presença feminina em cargos de decisão no Brasil.
A manutenção de Nísia no cargo é vista não apenas como uma questão de continuidade em uma época de crise de saúde pública, mas também como um importante passo para a representação feminina no governo. O futuro da ministra e o impacto de sua possível saída seguem em aberto, assim como o papel do PT nessa dinâmica. O movimento das mulheres na política continua a ser um tema central, e o apoio a Nísia pode ser um barômetro para a saúde política do governo.