Nilton David, o novo diretor de Política Monetária do Banco Central, expressou sua visão sobre o cenário econômico atual, ressaltando a importância de ajustes prudentes na política monetária para garantir a meta de inflação de 3%. Durante um evento da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), realizado em São Paulo, ele destacou que a segurança em relação aos juros deve ser "um pouco além do normal" devido às incertezas presentes no mercado.
Em sua análise, David afirmou que o mercado pode ter superestimado o prêmio de risco ao refletir nas avaliações dos ativos brasileiros no final de 2024. "O ponto é que antes a gente estava num gol de 7 metros, o gol agora tem 12 metros. Então onde que eu tenho que me posicionar, né?" comentou Nilton, ressaltando a necessidade de uma abordagem mais cautelosa em momentos de incerteza. Essa declaração marca sua primeira fala pública desde que assumiu o cargo em janeiro.
O diretor também mencionou que o Banco Central aumentou em 100 pontos base a taxa Selic em janeiro, levando-a a 13,25% ao ano, e indicou um aumento adicional na próxima reunião em março. "O cenário base é seguir por aí porque temos o ‘forward guidance’ e a nossa preocupação em ter um nível de segurança que tem que ser um pouquinho além do normal por conta dessa incerteza", continuou David.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, reafirmou a postura firme da autarquia em relação à política monetária, insinuando que ajustes na Selic serão mais enérgicos em momentos de alta e mais restritos em períodos de corte. Essa abordagem se justifica diante da recente oscilação do câmbio observada no final do ano transato, que, segundo Nilton, reflete o clima de incerteza que não é exclusivo do Brasil.
David observou que, ao longo do tempo, o mercado parece ter ajustado excessos observados na virada do ano. "O mercado percebe que talvez tenha sido exagerado e agora meio que trazendo isso de volta", disse ele, acrescentando que, apesar de o cenário atual apresentar menor incerteza, as dúvidas ainda permanecem. O diretor salientou a desigualdade na incidência de juros no país, enfatizando que alguns setores enfrentam taxas de juros que muito se afastam da Selic.
Um dos pontos levantados foi a necessidade de desenvolver soluções para que certas modalidades de crédito, como o rotativo de cartão de crédito, se tornem mais sensíveis à taxa básica de juros. “Como fazer, por exemplo, créditos que são muito distantes da Selic, como o rotativo, virem a ser mais sensíveis à Selic. Hoje está tão distante que acaba nem acontecendo”, afirmou. Essa crítica abre espaço para um debate mais amplo sobre a estrutura de juros no Brasil e suas implicações para os consumidores.
Com esse quadro, fica claro que o novo diretor do Banco Central, Nilton David, terá um papel crucial para moldar a política monetária em tempos desafiadores. Em um ambiente de incerteza e com a missão de manter a inflação sob controle, suas declarações indicam uma vigilância robusta e um caminho cuidadosamente equilibrado à frente.
Para os interessados em acompanhar a evolução da política econômica do Brasil, é fundamental observar as próximas decisões do Banco Central e as reações do mercado. Você também pode compartilhar suas opiniões sobre as declarações de Nilton David e o futuro da economia brasileira nos comentários abaixo!