Uma recente pesquisa realizada pela AtlasIntel, em parceria com o programa GPS CNN, trouxe à tona um dado preocupante: 82% dos brasileiros não confiam no Congresso Nacional. O levantamento, que ouviu 817 pessoas entre os dias 11 e 13 de fevereiro, revelou ainda que 50% dos entrevistados também expressaram desconfiança em relação ao governo federal e que 47% não confiam no Supremo Tribunal Federal (STF). A margem de erro considerada para o estudo é de 3 pontos percentuais.
A pesquisa destacou não apenas os níveis de desconfiança, mas também a percepção da população sobre sua representação nos diversos Poderes. Ao serem questionados sobre se se sentem representados, 50% dos participantes afirmaram não se sentirem representados pelo Judiciário, enquanto 44% disseram não se sentir representados pelo Legislativo e 30% pelo Executivo.
Yuri Sanches, diretor da AtlasIntel, comentou sobre os dados coletados, afirmando: “As instituições democráticas sofrem uma profunda crise de representatividade popular no Brasil. Entre os Três Poderes, o Legislativo é o que enfrenta a maior insatisfação dos eleitores”. Ele também ressaltou que a percepção sobre o Executivo é mais dividida, embora a população, em geral, demonstre uma satisfação relativamente maior com os governantes em níveis municipal, estadual e federal.
O diretor fez uma análise da atuação do Judiciário, afirmando que o descontentamento com a representação é acentuado pela falta de eleições diretas para seus integrantes. “Com representantes não-eleitos, a maioria da população se sente pouco ou nada representada por sua atuação”, destacou Sanches.
A pesquisa ainda trouxe à tona a baixa adesão da população em relação à agenda do Congresso Nacional. Um impressionante 97% dos brasileiros se opõem ao aumento do número de deputados, enquanto 50% dos entrevistados são contrários à continuidade do controle do Poder sobre emendas parlamentares. Além disso, 83% se manifestaram contra mudanças na Lei da Ficha Limpa e 71% se opõem à proposta de Emenda Constitucional do Semipresidencialismo.
“É especialmente revelador que 71% dos brasileiros não apoiam a adoção de um sistema político semipresidencialista, onde o Congresso poderia ter mais poder que o Presidente da República. Além disso, é evidente a desconexão entre o que o Congresso propõe e as prioridades da sociedade, como evidenciado na resistência às mudanças na Lei da Ficha Limpa e ao aumento no número de deputados”, afirmou.
Sanches concluiu sua análise ressaltando que a pesquisa indica uma contrariedade significativa da população em relação às pautas que têm sido discutidas em Brasília: “O que a pesquisa revela é que há contrariedade da população com as pautas que têm sido ensaiadas em Brasília e que visam primordialmente a manutenção e o fortalecimento da influência política necessária para o exercício das novas presidências da Câmara e Senado”.
Ele enfatizou ainda que as alianças formadas com líderes partidários e bancadas devem ser sustentadas, o que muitas vezes leva a interesses imediatos em detrimento das necessidades da população. “A demanda partidária chega mais rapidamente às presidências das Casas, mas isso não significa que as insatisfações populares não estejam presentes. Esse é o desafio que o Congresso deve enfrentar se realmente quiser reverter a crise de representatividade que a população sente.”