No dia 15 de fevereiro, comemora-se o Dia Internacional da Síndrome de Angelman, uma iniciativa que visa aumentar a conscientização sobre essa condição genética rara e complexa. Caracterizada por atrasos no desenvolvimento, a síndrome se manifesta frequentemente com comportamentos diferenciados, como riso frequente, falta de atenção e um fascínio peculiar pela água, que geralmente se revelam na infância.
No Brasil, aproximadamente 12 mil pessoas convivem com essa disfunção neurológica, conforme dados da Associação Angelman Brasil. A cada 15 mil nascimentos, em média, é identificado um novo caso. A baixa frequência dessa condição contribui para a sua difícil identificação, que muitas vezes requer exames clínicos e genéticos para confirmação, sendo associada a um transtorno no gene UBE3A.
Para aqueles que desconhecem a síndrome, é comum a confusão com uma ideia de "síndrome angelical". Contudo, é importante esclarecer que o nome da condição não tem relação com anjos, mas sim é uma homenagem ao médico britânico Harry Angelman, que a descreveu em 1965.
Dr. Angelman dedicou anos a entender as características de uma pequena coorte de crianças cujos sintomas ainda não tinham um diagnóstico definido. Suas observações foram fundamentais para a sistematização dos sintomas associados à síndrom.
Com o passar do tempo, a ciência compreendeu que a síndrome de Angelman se relaciona a um gene que pode operar de forma anormal ou estar ausente no cromossomo 15. Em geral, todos os indivíduos possuem duas cópias desse gene, uma oriunda de cada progenitor. No entanto, os pacientes com a síndrome frequentemente não herdam uma cópia de um dos pais, ou o gene não funciona conforme deveria.
Os sinais iniciais da síndrome de Angelman aparecem normalmente entre os 6 meses e 1 ano de idade, manifestando-se por meio de atrasos no desenvolvimento, como a dificuldade em sentar sem apoio. Com o tempo, essas dificuldades podem se intensificar, levando a deficiências intelectuais e desafios motores, que incluem problemas de equilíbrio e coordenação. Além disso, é comum que algumas crianças experimentem condições como epilepsia, distúrbios do sono e hipotonia muscular, além de características físicas como microbraquicefalia e estrabismo.
Os comportamentos associados à síndrome frequentemente incluem sorrisos frequentes, mesmo na ausência de estímulos visuais, hiperatividade, movimentos involuntários das mãos e um notório fascínio por água. A comunicação, em muitos casos, se dá por meio de gestos.
Ao abordar a síndrome de Angelman, é essencial considerá-la como um espectro, já que "nem todos os indivíduos apresentam as mesmas características", conforme observado pela associação brasileira. Essa variabilidade dificulta a determinação de um diagnóstico padrão, tornando necessário realizar testes genéticos em amostras de sangue.
Dada a raridade da síndrome, as associações e grupos de apoio para familiares e crianças são vitais. A troca de experiências e conhecimentos é uma ferramenta poderosa para ajudar a lidar com a condição, como exemplificado pelos encontros do Família Angelman. Importante ressaltar que não existe um tratamento único que se aplique a todos os casos – cada um é singular e deve ser abordado pela equipe multiprofissional que acompanha o paciente. Geralmente, são recomendadas sessões de fisioterapia focadas na melhoria da postura e do equilíbrio.
Além disso, terapias comportamentais podem ser benéficas para tratar a falta de atenção, e a fonoaudiologia pode ter um papel importante no desenvolvimento da comunicação. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos para controlar convulsões e problemas relacionados ao refluxo. Como afirma o NHS, "pessoas com síndrome de Angelman geralmente gozam de boa saúde e podem desenvolver suas habilidades comunicativas e aprender novas competências ao longo da vida". Novas terapias genéticas estão sendo investigadas para viabilizar uma melhor qualidade de vida para esses indivíduos.