Luiza Helena Trajano, a presidente do conselho de administração do Magazine Luiza (MGLU3), fez um novo apelo ao presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, durante um evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Sua mensagem foi clara: ela pede para que não sejam anunciados novos aumentos na taxa de juros.
Em sua fala, Trajano reforçou que as pequenas e médias empresas estão enfrentando sérias dificuldades em um ambiente com juros elevados, ressaltando a importância desse setor na criação de empregos no Brasil. "Quero falar em nome do setor varejista, porque o varejo é o primeiro que sofre e o primeiro que demanda. A pequena e média empresa não aguenta mais sobreviver com isso, não tem condição. E é ela que gera emprego", declarou a empresária, enfatizando a urgência de uma mudança nas estratégias do Banco Central para o combate à inflação.
A empresária também sugeriu que o BC “pense fora da caixa”, buscando soluções alternativas para o controle da inflação que não envolvam a elevação da taxa de juros. "[Quero] pedir para ele por favor não comunicar mais que vai ter aumento de juros, porque aí já atrapalha tudo desde o começo", completou, fazendo uma observação que misturava humor e seriedade.
O presidente do Banco Central, Galípolo, respondeu ao comentário de Trajano reconhecendo a preocupação expressa por ela e outros empresários presentes. No entanto, ele enfatizou que a solução para os problemas estruturais da economia brasileira não pode ser a mesma que falhou no passado. Galípolo reiterou a missão do BC de proteger a moeda e controlar a inflação, que impacta de forma desigual a população brasileira. "Acho que muitas vezes somos críticos ao Brasil porque as transformações não ocorrem na velocidade e com a linearidade que gostaríamos", comentou, destacando a necessidade de um debate mais abrangente sobre os desafios econômicos do país.
Esse não é um pedido inédito de Trajano. Em junho de 2023, durante um evento com o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, ela já havia levantado preocupações semelhantes sobre a capacidade das empresas de suportar o aumento da taxa de juros.
O chamado de Luiza Trajano reflete uma preocupação crescente entre os setores do varejo e das pequenas e médias empresas, que estão lutando para se manterem competitivos diante da alta dos juros e do aumento da inflação. A situação é preocupante, pois o varejo, um dos pilares da economia brasileira, pode sofrer ainda mais se as taxas continuarem a subir.
Além disso, o alerta dela coincide com um momento em que as políticas monetárias estão sob intensa análise, especialmente considerando os desafios econômicos globais atuais. A necessidade de políticas que promovam o fortalecimento das pequenas e médias empresas é mais do que nunca relevante, pois são elas que em grande parte sustentam a economia, gerando empregos e movimentando o mercado.
O apelo de Trajano também se alinha a um sentimento geral de que é preciso encontrar um equilíbrio entre o controle da inflação e a manutenção do crescimento econômico. A colaboração entre o governo e os setores produtivos é crucial para estabelecer uma estratégia eficaz que atenda tanto às necessidades de desenvolvimento econômico quanto às exigências de estabilidade financeira.
Os próximos passos do Banco Central em relação à política de juros serão observados de perto, especialmente em um cenário onde muitos empresários já demonstraram sua resistência a altos níveis de taxa de juros. O resultado dessas decisões terá um impacto direto no futuro das empresas e na economia brasileira como um todo.