O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), se manifestou em defesa do projeto de lei da vereadora Amanda Vettorazzo (União Brasil), que busca proibir a contratação de shows e artistas que façam apologia ao crime organizado, uso de drogas ou sexualidade explícita. Durante uma coletiva de imprensa realizada na segunda-feira, dia 10, Nunes afirmou que não conhece as músicas do rapper Oruam, figura central da polêmica gerada pelo projeto.
Nunes comentou: "Pelo que eu vi, ela não associou nada do funk, nada do rap. Ela associou a uma pessoa específica que eu não conheço as músicas do rapaz [Oruam]. Você vê que eu tenho bom gosto para música. Eu nunca vi a música desse cara. Pelo que eu vi, ela questionou sobre uma pessoa, não sobre a questão cultural". O prefeito ressaltou a importância de não confundir a ação proposta com um ataque a qualquer gênero musical, enfatizando que a intenção não é desmerecer o funk ou o rap como manifestações culturais.
Além disso, Nunes declarou: "Seria até injusto colocar para a vereadora que ela estivesse fazendo qualquer tipo de ação contra o funk ou qualquer outro tipo de expressão cultural. É aquela pessoa, especificamente, que ela tem colocado e que, evidentemente, se essa pessoa faz qualquer tipo de apologia ao crime, aqui nos palcos de São Paulo, com recurso público, ela não vai ter espaço".
A controvérsia ganhou destaque quando a vereadora Vettorazzo divulgou um vídeo em seu perfil no Instagram, onde declara sua intenção de impedir Oruam de realizar apresentações em São Paulo. Ela sustenta que as letras do rapper promovem a apologia às drogas, ao sexo e às facções criminosas, sendo esses os principais temas tratados em suas canções. Vale lembrar que Oruam é filho de Marcinho VP, identificado como um dos líderes do Comando Vermelho.
Em resposta ao projeto de lei, Oruam publicou uma série de vídeos no Instagram, onde fez ofensas à vereadora, chamando-a de "doente mental" e "idiota". Ele argumentou que suas composições refletem sua realidade pessoal. Em um vídeo, Oruam ainda acrescentou: "Toma jack", em referência a um termo considerado ofensivo. Essa expressão, associada a violência e ao contexto prisional brasileiro, gerou uma onda de críticas na internet.
Após as ofensas recebidas, a vereadora registrou um boletim de ocorrência, alegando ter sido alvo de "milhares de mensagens" contendo ameaças de morte, injúrias e difamações por parte dos fãs do rapper. Diante dos acontecimentos, Oruam publicou um carrossel de imagens na rede social mencionando o registro do boletim de ocorrência e escreveu: "Sou revoltado mesmo, cresci sem pai, você não sabe o que é 'vencer' com o mundo contra você. Vocês nunca vão entender a mente de um astro. Aceito ser alvo da mídia, vocês precisam ter um vilão para enxugar tudo que acontece por aqui. Até que isso é bom, odeio bajuladores. No final, o traficante é o menor dos problemas".
Como desdobramento dessa situação, a vereadora Amanda Vettorazzo, em parceria com o MBL, lançou no fim de janeiro um site intitulado "leiantioruam". O objetivo é que outros parlamentares de diferentes cidades possam se cadastrar e receber o modelo do projeto de lei, permitindo que o movimento se espalhe e ganhe força em outras esferas.