O Egito se prepara para sediar uma cúpula árabe de emergência no dia 27 de fevereiro, com o objetivo de discutir questões cruciais enfrentadas pelos palestinos. Essa decisão é uma resposta às preocupações levantadas pelas autoridades árabes sobre o plano controverso do presidente dos EUA, Donald Trump, que visa uma mudança significativa na situação em Gaza.
Durante uma cúpula realizada em Dubai, o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, fez uma declaração contundente, afirmando que a proposta de Trump de reassentar os palestinos em Gaza não apenas violaria o frágil acordo de cessar-fogo, mas também poderia precipitar uma nova onda de crises no Oriente Médio. "Se o plano for colocado em prática, o impacto será prejudicial à paz e à estabilidade da região", advertiu Gheit.
Esse plano gerou grande indignação no mundo árabe, especialmente porque Trump mencionou que o governo americano assumiria o controle de Gaza, propondo o reassentamento de mais de dois milhões de palestinos em locais como o Egito e a Jordânia. "Se a situação explodir militarmente uma vez mais, todo o esforço pelo cessar-fogo será em vão", enfatizou Gheit.
A Jordânia manifestou sua posição contrária ao plano, com o rei da Jordânia reforçando que a ideia de um deslocamento em massa de palestinos é inaceitável. Para o reino, tal proposta é vista como um pesadelo, já que as autoridades temem que isso permita uma expulsão ainda maior de cidadãos palestinos das terras que ocupam atualmente na Jordânia e na Cisjordânia, uma preocupação que é intensificada pelo apoio de alguns setores israelenses a essa ideia.
Por outro lado, o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, não considera a proposta de Trump com bons olhos, pois a presença de grupos islâmicos como o Hamas é vista como uma ameaça para a segurança do Egito. Ele também avisa que o país não aceitará refugiados do Hamas cruzando suas fronteiras.
O plano de Trump representa uma ruptura com décadas de política dos EUA que apoiam uma solução de dois Estados, um conceito que busca a coexistência pacífica de Israel e um Estado palestino. O contexto atual, marcado pela violência e instabilidade, complica ainda mais as possibilidades de paz.
Até o momento, 16 dos 33 reféns sequestrados pelo Hamas durante o conflito foram libertados como parte de um acordo inicial de cessar-fogo, que terá duração de 42 dias. Durante este período, Israel permitiu a liberação de centenas de prisioneiros palestinos, incluindo aqueles condenados por crimes graves e outros que estavam em detenção sem acusações formais.
A necessidade urgente de diálogo e cooperação entre as nações árabes e as superpotências mundiais é evidente, considerando a complexidade da situação em Gaza e as possíveis repercussões de decisões unilaterais. A comunidade internacional observa com atenção os desdobramentos e a Cúpula do Egito pode ser um passo importante para abordar estas preocupações de forma coletiva.