O Instituto Aço Brasil e a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) expressaram sérias preocupações acerca das possíveis consequências das tarifas recentemente estabelecidas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. A inquietação se origina da expectativa de que essas restrições possam acarretar um aumento significativo nas importações de produtos metálicos para o Brasil, especialmente provenientes da China.
As associações ligadas às indústrias de alumínio e aço no Brasil temem que as novas tarifas, anunciadas na segunda-feira (10), resultem em uma mudança na dinâmica do mercado. A principal preocupação é que a redução de restrições para os produtos vendidos nos Estados Unidos possa fazer com que os exportadores chineses intensifiquem seus esforços no Brasil, em busca de novos mercados.
Em um decreto assinado por Trump, foi mencionada a questão das cotas de importação de aço brasileiro, que são isentas de tarifas. Segundo a justificativa apresentada, tal medida levou os Estados Unidos a adquirir uma quantidade maior de produtos chineses, o que, por sua vez, resultou no deslocamento da produção local ao mesmo tempo que elevou as exportações americanas.
Desde 2018, quando Trump impôs tarifas de 25% sobre as importações de aço, o Brasil conseguiu negociar uma isenção, que incluiu o limite de importação para o metal brasileiro. No entanto, as atuais circunstâncias podem modificar esse cenário.
O Instituto Aço Brasil, em sua nota oficial, destacou que o mercado interno tem enfrentado um aumento desmedido de importações de países que praticam concorrência desleal, especialmente a China. Em função disso, a entidade requereu ao governo brasileiro a implementação de medidas de proteção comercial, considerando a urgência da situação. A entidade defende a criação de quotas para importar aço chinês, tentativa já em vigor para salvaguardar a indústria nacional. "Assim, ao contrário do alegado na proclamação do governo americano de 10 de fevereiro, não existe qualquer possibilidade de que produtos de aço de outros países circunvenham o Brasil em direção aos Estados Unidos", afirmou o Instituto.
A ABAL também manifesta preocupações, apontando que os efeitos das novas tarifas se manifestarão nas exportações do Brasil, além de dificultar o acesso dos produtos brasileiros ao mercado estadunidense. Em sua análise, a associação salientou que, além de afetar diretamente a balança comercial, os impactos indiretos envolvendo desvios de comércio e concorrência desonesta são ainda mais preocupantes.
A introdução das tarifas de alumínio, que mantêm uma taxa de 10% para alguns produtos desde 2018, movimenta a discussão. Apesar da participação relativamente modesta do Brasil nas importações americanas de alumínio, que gira em torno de 1%, a importância desse mercado é evidente, pois os EUA foram responsáveis por 16,8% das exportações do metal brasileiro, gerando uma receita de US$ 267 milhões dos US$ 1,5 bilhão exportados pelo setor em 2024.
O Brasil ocupa uma posição significativa, sendo o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, com 48% de suas vendas externas direcionadas a esse mercado. Em 2024, isso resultou em uma receita de US$ 5,7 bilhões, com a balança comercial historicamente favorável aos americanos, com um superávit acumulado de US$ 3 bilhões.
É crucial que as associações industriais continuem alertando o governo e o setor produtivo sobre as possíveis repercussões dessas tarifas. Mecanismos de defesa comercial devem ser explorados para minimizar os danos às indústrias locais, garantindo a competitividade no cenário internacional. Para as empresas envolvidas, a situação exige atenção redobrada e estratégias eficazes para manter sua posição no mercado.
Como a situação avança, observadores do setor estarão atentos às reações das partes envolvidas e às possíveis mudanças nas políticas de comércio internacional que possam impactar diretamente as operações do Brasil na exportação de metais. Qual será o futuro do comércio de metais entre Brasil e Estados Unidos? Compartilhe sua opinião e participe da discussão.