A Boeing acabou de emitir um alerta a seus colaboradores, mencionando a possibilidade de demissões que podem chegar a 400 funcionários, caso a NASA decida cancelar o foguete SLS em março. Esta informação está gerando grande preocupação entre os trabalhadores e na indústria espacial.
O Sistema de Lançamento Espacial (SLS), um projeto custoso da NASA com investimentos anuais de cerca de 3 bilhões de dólares, e cujo cada lançamento custa aproximadamente 2 bilhões de dólares, é frequentemente criticado por sua alta despesa e ser visto como uma tecnologia ultrapassada em comparação a outras opções como o Starship da SpaceX e o New Glenn, da Blue Origin. Contudo, como esses foguetes ainda não estão prontos para missões lunares, a possibilidade de cancelamento do SLS pegou a Boeing de surpresa.
A empresa conta atualmente com cerca de 800 profissionais envolvidos exclusivamente no programa SLS. David Dutcher, que lidera este projeto, realizou uma reunião com sua equipe na última sexta-feira, onde alertou: "Os contratos poderiam ser encerrados em março com a nova administração da NASA, e estamos nos preparando para demissões se os contratos não forem renovados".
Informações do Ars Technica revelam que essa reunião foi convocada de forma apressada, com menos de uma hora de antecedência, e durou apenas seis minutos. Durante o encontro, Dutcher veio preparado, sendo bem contido e não respondeu a questionamentos dos presentes, segundo uma fonte anônima.
O SLS é um componente crucial da estratégia da NASA para retornar à Lua, além de ser um dos elementos mais debatidos do programa lunar Artemis. O desenvolvimento do SLS, sob a responsabilidade da Boeing, teve início em 2011, aproveitando tecnologias e componentes de iniciativas anteriores, como o programa Space Shuttle.
Ainda que essa abordagem tenha permitido uma reutilização eficaz de infraestruturas e saberes anteriores, também gerou complexidade na integração de novas tecnologias com sistemas mais antigos, o que resultou em atrasos e custos excessivos.
Sem alternativas imediatas para o SLS, os rumores sobre seu possível cancelamento começaram a ganhar força, especialmente após a reeleição de Donald Trump, que trouxe o empresário Jared Isaacman, com experiência em voos pelo espaço com a SpaceX, à direção da NASA.
A primeira administração de Trump havia estabelecido o programa lunar Artemis em 2017. Entretanto, a nova administração deseja focar em reduzir o orçamento da NASA em até 30% e priorizar uma possível colonização de Marte, criando incertezas sobre o futuro do SLS.
É importante destacar que até o momento, o Congresso dos EUA não tomou decisões definitivas sobre o orçamento da NASA ou sobre uma possível reestruturação do programa Artemis, muito menos sobre a implementação de um plano para Marte. A NASA pretende estabelecer uma base na Lua antes de avançar para Marte.
Apesar da incerteza atual, a Boeing está se preparando para o pior cenário possível, especialmente com a Casa Branca elaborando um novo orçamento com ajustes previstos para o ano fiscal de 2026. Em conformidade com a legislação, a empresa tem o prazo de 60 dias para informar seus colaboradores sobre demissões em massa ou fechamento de unidades, o que motivou a convocação urgente da reunião com a equipe do SLS.
Depois da reunião, a Boeing se prontificou a confirmar a possibilidade de demissões de 400 funcionários a partir de abril de 2025, justificando a medida como um alinhamento com as expectativas orçamentárias e as revisões do programa Artemis. "Estamos trabalhando em conjunto com nossos clientes e buscando oportunidades para realocar funcionários em toda a empresa, de modo a minimizar o impacto nas demissões e preservar nossa equipe talentosa", declararam em comunicado.