A eleição presidencial no Equador está prestes a se estender para um segundo turno, com a votação marcada para 13 de abril, se as atuais tendências na contagem dos votos se confirmarem. Até a madrugada do dia 10, cerca de 80% das urnas já haviam sido apuradas. Segundo Diana Atamaint, chefe do conselho eleitoral nacional, a contagem indica que o presidente Daniel Noboa, que liderou a contagem com 44,5%, mantinha uma margem mínima sobre a candidata da esquerda, Luisa Gonzalez, que contabilizava 44,1% dos votos válidos.
Essa não é a primeira vez que ambos os candidatos se enfrentam; em 2023, Noboa e Gonzalez também concorreram para terminar o mandato do ex-presidente em um cenário marcado por intensa polarização. Embora muitos especialistas prevessem uma vitória do atual presidente já no primeiro turno, a disputa apertada sugere que os equatorianos poderão retornar às urnas se a diferença continuar tão curta.
Noboa, um empresário de 37 anos, atribui parte do seu desempenho nas urnas à sua política de segurança pública, que inclui mobilização militar em áreas críticas e ações nas prisões para reduzir a violência. Ele afirma que essas medidas contribuíram para uma queda de 15% na mortalidade violenta e ajudaram a desmantelar grupos de crime organizado. Por outro lado, Gonzalez, de 47 anos e aliada do ex-presidente Rafael Correa, defendeu um combate mais rigoroso ao crime e propôs a implementação de grandes operações militares e policiais, além de sugerir um plano de gastos sociais nas áreas mais afetadas pela violência.
No discurso para seus apoiadores em Quito, Gonzalez afirmou: "Este triunfo é para vocês porque Daniel Noboa representa o medo e nós representamos a esperança, a mudança, a esperança de transformar o país". Além disso, ela observou que a contagem de votos atual demonstra uma tendência de crescimento para sua campanha e um declínio na popularidade de Noboa, enfatizando que a diferença entre eles é um quase empate técnico.
Por outro lado, a equipe de campanha de Gonzalez e o ex-presidente Correa têm sido críticos ativos, acusando Noboa de tentar fraudar as eleições. Gonzalez apontou especificamente a atuação de Atamaint, alegando que ela permitiu que o presidente violasse as normas estabelecidas para a campanha. Noboa, que não se dirigiu aos apoiadores naquele dia, se encontrava em meio a uma disputa com seu vice-presidente, que se intensificou em relação às regras de licença de campanha.
Recentemente, o tribunal constitucional invalidou dois decretos que Noboa havia utilizado para justificar sua licença de campanha durante o primeiro turno, o que poderá complicar a possibilidade de ele escolher um novo vice-presidente interino enquanto se prepara para o segundo turno. Além disso, Noboa apresentou uma série de propostas de última hora, visando atrair votos, que vão desde assistência a migrantes retornando dos Estados Unidos até tarifas sobre importações do México e um acordo comercial com o Canadá.
Essa disputa eleitoral no Equador não envolve apenas a escolha de um novo presidente, mas reflete também um contexto social e econômico desafiador, marcado pela violência vinculada ao tráfico de drogas e pela busca de novos rumos para o país. Com a aproximação da nova data eleitoral, a expectativa é de que o debate entre os candidatos se intensifique, com cada um apresentando suas visões e soluções para os problemas enfrentados pela sociedade equatoriana.