Recentemente, a Lei da Ficha Limpa voltou a ser um tópico intenso de debate, motivado por um projeto de lei proposto pelo deputado federal Bibo Nunes (PL-RS). O foco da proposta é a redução do período de inelegibilidade de políticos condenados, que atualmente é de oito anos, para apenas dois anos. Essa legislação, que entrou em vigor em 2010, foi criada para tornar mais rígidas as regras que impedem a candidatura de políticos que tenham sido condenados por crimes como corrupção ou abuso de poder.
Com as mudanças propostas, o objetivo seria amenizar as restrições para condenados. De acordo com a proposta de Bibo Nunes, a nova definição de inelegibilidade impactaria diretamente a Lei da Ficha Limpa. Assim, a redução do prazo tornaria possível o retorno de políticos condenados ao cenário eleitoral mais rapidamente, especialmente aqueles que enfrentaram condenações relativas a abuso de poder político ou econômico e uso indevido dos meios de comunicação. O ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, está entre os que poderiam ser beneficiados por essa mudança.
É relevante lembrar que, em junho de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou Bolsonaro inelegível por oito anos, considerando que ele cometeu abuso de poder durante um encontro com embaixadores em 2022, no qual difundiu acusações infundadas sobre o sistema eleitoral. Adicionalmente, ele foi novamente condenado por abuso de poder político e econômico durante as celebrações do Bicentenário da Independência. A proposta do deputado é vista por seus aliados como uma oportunidade para viabilizar a candidatura de Bolsonaro nas próximas eleições.
Na quarta-feira, dia 5, Bibo Nunes compartilhou em suas redes sociais um encontro que teve com Bolsonaro, onde discutiram a proposta. O deputado comentou: "Oito anos é tempo que permite muita injustiça e o político corrupto deve ir para a cadeia e não ficar apenas inelegível".
Atualmente, o projeto de lei se encontra na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, sob a relatoria do deputado Filipe Barros (PL-PR), também aliado de Bolsonaro. O documento defende que a inelegibilidade por um período de dois anos já seria uma sanção adequada para garantir a moralidade política. Segundo o texto, "A inelegibilidade por dois anos após o pleito eleitoral é uma punição mais do que suficiente para os fins que se quer atingir com a inelegibilidade".
Além disso, a proposta ganhou força após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmar que considera o prazo de oito anos excessivo. Em entrevista à CNN, ele disse: "Oito anos são quatro eleições, é um tempo extenso na minha avaliação". O texto também aponta que políticos condenados por improbidade administrativa são sujeitos a outras penalidades, como a obrigação de ressarcir os cofres públicos. Dessa forma, o deputado argumenta que a punição de dois anos é suficiente durante um período eleitoral, já que impede a influência de agentes políticos nas eleições.
Embora o projeto tenha potencial para avançar no Congresso, as mudanças na Lei da Ficha Limpa podem enfrentar entraves no Supremo Tribunal Federal (STF). Alguns ministros acreditam que a flexibilização da legislação pode ser considerada inconstitucional, pois poderia enfraquecer o princípio da moralidade eleitoral. Assim, a possibilidade de judicialização sobre os efeitos da alteração é real, e muitos veem poucas chances de que Bolsonaro consiga reverter sua situação atual para se candidatar na eleição de 2026.
Importante ressaltar que, se a proposta for aprovada, a nova regra de inelegibilidade poderia não ter efeito retroativo, aplicando-se somente a condenações futuras, o que significa que Bolsonaro não seria beneficiado por essa mudança em relação a sua própria condenação. Vale destacar ainda que o andamento do projeto na Câmara está apenas no início, e intensos debates entre legisladores e membros do Judiciário devem ocorrer nos próximos meses.
O futuro da Lei da Ficha Limpa, portanto, permanece incerto, e a proposta de Bibo Nunes pode desencadear discussões significativas sobre a integridade e moralidade nas eleições brasileiras. Ao acompanhar esses desdobramentos, os cidadãos são instigados não apenas a se informar, mas também a participar ativamente das discussões sobre sua importância para o cenário político.
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