O corretor de imóveis César Diego Justino, natural do estado de Goiás, teve sua primeira atitude ao pisar no Brasil: beijar o chão do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte. Ele chegou ao país na noite de sexta-feira (7) como parte do segundo voo de repatriação de brasileiros deportados dos Estados Unidos durante o novo mandato de Donald Trump.
Justino, que ficou quatro meses detido nos EUA, relatou que sua experiência foi repleta de dificuldades. "Lá está muito difícil. Eu não aconselho ninguém a fazer isso [migrar ilegalmente]. Está muito sofrido. Quatro meses detido e não aconselho ninguém a fazer isso. Lá está com muito problema, deportando todos", disse ele.
O voo com os deportados partiu de Alexandria, Louisiana, e pousou em Belo Horizonte por volta das 21h40. Justino não foi o único a expressar seu alívio; muitos repatriados compartilharam sentimentos semelhantes após a tensa espera para retornar ao Brasil.
A chegada aos EUA se deu em 1º de outubro do ano anterior, quando Justino viajou em busca de melhores oportunidades para sua família, mas acabou se entregando às autoridades logo após a chegada. Ele descreveu a situação dramática no avião, onde os deportados enfrentaram condições precárias: "Todos algemados, mais de 24 horas algemados, cara, muito sofrimento. Sem comida, sem água. Muita tristeza", completou.
A recepção no Brasil foi marcada por um clima de alívio, especialmente em Fortaleza, onde os deportados foram recebidos com carinho. "Eu não saio do Brasil mais. Nós somos ricos e não sabemos, de verdade. A riqueza nossa está aqui no Brasil", concluiu Cesar Justino, refletindo sobre seu retorno.
Os repatriados chegaram a Fortaleza antes de seguir para Belo Horizonte, onde, apesar de receberem um tratamento melhor ao desembarcar, relataram ter passado até 12 horas sem alimentação. Para minimizar o sofrimento durante a viagem, o governo brasileiro optou por utilizar Fortaleza como porta de entrada, já que é uma localização estratégica, reduzindo o tempo em que os deportados ficam algemados.
No aeroporto de Belo Horizonte, uma comitiva de autoridades, incluindo a Ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, aguardava os deportados. Eles foram acolhidos em uma sala com acesso a água, alimentação e outros serviços essenciais. Para ajudar na reintegração social, a Fecomércio anunciou que disponibilizará transporte, alimentação e hospedagem por dez dias no Sesc Venda Nova, além de oferecer capacitação profissional.
Este voo representa a segunda repatriação de imigrantes desde que Donald Trump assumiu a presidência novamente. O primeiro voo dessa nova fase ocorreu em 24 de janeiro e foi marcado por polêmicas em relação ao tratamento dado aos deportados. Um desentendimento entre os passageiros e a tripulação resultou em uma situação conflituosa, onde os deportados abriram uma porta de emergência em busca de alívio.
A Polícia Federal informou que o uso de algemas é uma prática comum durante os voos fretados pelos EUA, porém, as algemas são removidas ao chegarem ao Brasil, pois os deportados não devem ser tratados como prisioneiros. Recentemente, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, determinou a retirada rápida das algemas e solicitou que os deportados fossem levados em um voo da Força Aérea Brasileira. A situação gerou repercussão, e o Itamaraty anunciou que irá cobrar dos EUA uma explicação sobre o tratamento considerado 'degradante' dado aos imigrantes durante a deportação.
Com a situação de imigração cada vez mais complexa, é importante que os brasileiros que consideram a ideia de deixar o país reflitam sobre as consequências e os desafios enfrentados por aqueles que estão em busca de oportunidades no exterior.
O acolhimento e a solidariedade demonstrados ao longo da repatriação refletem a realidade da vida de muitos que, como César Justino, retornam ao Brasil em busca de um novo começo. Se você já passou por uma experiência semelhante ou possui alguma opinião sobre essa questão, compartilhe nos comentários abaixo!