Um recente estudo conduzido por Santiago Constantino, da Universidade de Montréal, aponta que 70% dos astronautas que passaram entre seis meses e um ano na Estação Espacial Internacional (EEI) enfrentaram alterações na visão devido à síndrome neuro-ocular associada ao voo espacial, conhecida como SANS.
A SANS é uma condição que surge quando os fluidos corporais se deslocam em decorrência da exposição à microgravidade, resultando em um aumento da pressão nos olhos. Os principais sintomas dessa síndrome incluem o inchaço do nervo óptico, o achatamento da parte de trás dos olhos e alterações na visão.
A NASA reconheceu oficialmente essa síndrome em 2011. Embora esses problemas visuais possam ser administrados com o uso de lentes corretivas e geralmente se revertem após o retorno dos astronautas à Terra, as consequências de exposições prolongadas à microgravidade permanecem incertas. Isso é um desafio significativo para futuras missões espaciais a destinos mais distantes, como Marte.
Para investigar mais sobre o assunto, Constantino e sua equipe analisaram dados de 13 astronautas, com idade média de 48 anos, que permaneceram na EEI por um período de cinco a seis meses. Entre eles, 31% eram mulheres, e oito estavam realizando suas primeiras missões espaciais. Os pesquisadores estudaram diversos aspectos, como a rigidez ocular, a pressão intraocular e a amplitude do pulso ocular, antes e depois dos voos.
Os resultados do estudo indicaram mudanças significativas nas propriedades biomecânicas dos olhos dos astronautas: foi observada uma redução de 33% na rigidez ocular e uma diminuição de 11% na pressão intraocular. Além disso, a amplitude do pulso ocular apresentou uma queda de 25%. Essas alterações estavam associadas a uma redução no tamanho dos olhos, alterações no campo focal, além do inchaço do nervo óptico e retina.
Realizações de estudos como este são cruciais para aumentar a compreensão acerca dos efeitos da SANS no corpo humano e para acelerar o desenvolvimento de soluções adequadas. Constantino comentou: “As alterações observadas nas propriedades mecânicas do olho podem servir como biomarcadores para prever o desenvolvimento da SANS. Isso ajudaria a identificar astronautas em risco antes que eles desenvolvam problemas oculares graves durante missões longas”.
Com a evolução das missões espaciais e a busca por novas fronteiras, é imprescindível que os cientistas aprofundem as pesquisas sobre os efeitos da microgravidade no organismo humano, garantindo a segurança e o bem-estar dos astronautas em futuras explorações.