A China manifestou um pedido ao Panamá neste sábado (8), instando o país a “tomar a decisão certa” após a recente decisão da nação latino-americana de se retirar da Iniciativa do Cinturão e Rota, proposta por Pequim. O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Zhao Zhuyuan, se reuniu com o embaixador panamenho na sexta-feira (7) e expressou que Pequim "lamenta profundamente" a saída do Panamá do projeto global de desenvolvimento de infraestrutura, ressaltando que essa ação "não se alinha com os próprios interesses vitais do Panamá", conforme nota divulgada pela chancelaria chinesa.
Após uma reunião com Marco Rubio, principal diplomata dos Estados Unidos, o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, confirmou que seu país optaria por se desvincular da Iniciativa do Cinturão e Rota. Essa decisão representa um retrocesso para a China, que havia recebido o Panamá como o primeiro país latino-americano a integrar o programa. Zhao enfatizou que o governo chinês espera que “o Panamá tome a decisão certa e elimine a interferência externa com base no interesse do relacionamento bilateral mais amplo e nos interesses de longo prazo dos povos de ambos os países”.
A crescente tensão nas relações entre os EUA e a China se reflete nas declarações do presidente Donald Trump, que tem criticado veementemente a presença chinesa no Canal do Panamá. Trump chegou a ameaçar “retomar” a hidrovia, acusando o governo panamenho de entregar o controle da importante rota marítima às mãos chinesas. No entanto, é importante observar que não há evidências que comprovem o controle da China sobre o canal, que atualmente é administrado por uma autoridade independente, designada pelo governo do Panamá. Pequim, por sua vez, tem negado repetidamente qualquer tipo de interferência nas operações do canal.
Essa situação revela as complexidades das relações internacionais na região e as crescentes preocupações do Panamá em relação à influência externa. O futuro das relações entre Panamá e China poderá ser afetado por decisões políticas internas e pela pressão externa de potências como os Estados Unidos. O desenrolar desse episódio pode ter repercussões significativas tanto para o Panamá quanto para as estratégias geopolíticas de longo prazo da China na América Latina.
É essencial que o Panamá avalie cuidadosamente as implicações de sua decisão, considerando não apenas seus interesses imediatos, mas também a estabilidade e o desenvolvimento sustentado de suas relações internacionais. O mundo observa atentamente esse desencontro de interesses e as possíveis consequências dessa escolha.