Durante um recente painel no evento Outliers, promovido pelo InfoMoney, o CEO do Banco XP, José Berenguer, expressou uma visão otimista sobre a situação econômica atual do Brasil, afirmando que não considera o país em crise. Ele afirmou: “Eu acho que essa crise é inexistente”. O executivo argumentou que, apesar das oscilações que o mercado brasileiro vivenciou no final de 2024, não houve uma desvalorização drástica a ponto de colocar em risco a estabilidade econômica.
Berenguer destacou que, nos últimos meses, o país não enfrentou situações extremas, como a quebra de instituições financeiras ou a ativação de circuit breakers, mecanismos que interrompem as negociações em caso de grandes quedas. Ele fez notar: “Ninguém quebrou, nem circuit breaker nós tivemos nos últimos três meses, e olha que houve oscilações bastante grandes.” Para ele, a política monetária implementada pelo governo terá um efeito positivo no controle da inflação.
A análise sobre a situação atual está intimamente ligada à expectativa de um novo ciclo político que se inicia em 2026. O CEO da XP acredita que as discussões e ações referentes à política monetária começam a ganhar força à medida que se aproxima o final de 2025, prevendo que o impacto das políticas atuais se tornará visível ao longo do tempo.
Em contrapartida, Gilson Finkelsztain, CEO da B3 e co-participante do painel, apresentou uma perspectiva mais cautelosa sobre a economia brasileira. Segundo Finkelsztain, a falta de confiança e a credibilidade política são fatores que vêm contribuindo para a instabilidade do mercado. Ele avalia que “estamos muito distantes da eleição e isso faz com que a gente tenha um ano de 2025 mais complexo, mais difícil”.
O executivo da B3 também manifestou preocupações em relação à relevância do Brasil nos índices de emergentes, afirmando que a posição do país vem se deteriorando ao longo do tempo. Ele mencionou que o Brasil tinha um peso de 17% nesses índices e hoje representa apenas 4%, com tendências de baixa. “O que mais me preocupa ainda para os próximos 12 meses é que o Brasil está perdendo relevância dentro dos índices de emergentes”, afirmou.
Ambos os líderes discutiram os desafios e oportunidades que se apresentam em um cenário econômico em transformação. Enquanto Berenguer apresenta uma ótica de esperança em relação ao controle da inflação e estabilidade do mercado, Finkelsztain alerta para os riscos que podem afetar a confiança do investidor e a posição do Brasil frente a outros mercados emergentes.
A diferença entre as visões dos dois executivos destaca a complexidade do ambiente econômico brasileiro, que, apesar de não ser classificado como uma crise por alguns líderes do setor financeiro, ainda enfrenta desafios significativos. O debate sobre a política monetária, as expectativas de crescimento e a influência do cenário político se tornam cada vez mais críticos à medida que o país se aproxima do ciclo eleitoral de 2026.
Com a economia mundial em constante mudança, é vital que o Brasil mantenha um olhar atento sobre as condições internas e externas que podem afetar seu desempenho. O diálogo entre líderes do setor como Berenguer e Finkelsztain é essencial não apenas para entender o presente, mas também para traçar um caminho seguro em direção ao futuro.