Após os comentários do presidente Donald Trump sobre a possibilidade dos EUA assumirem o controle de Gaza, autoridades árabes expressaram rápida surpresa e preocupação. De acordo com uma das fontes, a declaração foi "áspera, difícil de entender e digerir", e a necessidade de "clareza e desenvolvimento adicional para serem compreendidos" se faz urgente.
Outra figura diplomática observou que as declarações de Trump podem comprometer um acordo de cessar-fogo já frágil em Gaza. Ele comparou as afirmações às declarações anteriores do presidente sobre planos de anexação de países como o Canadá e a Groenlândia, sinalizando um grande pessimismo com os potenciais impactos.
“É crucial considerar as amplas implicações que tais propostas têm sobre a vida e a dignidade do povo palestino, além do impacto no Oriente Médio como um todo”, ressaltou o diplomata. Ele destacou que a realidade atual revela que cerca de 1,8 milhão de pessoas em Gaza resistiriam a qualquer tentativa de relocação e se negariam a deixar suas terras.
Ainda segundo ele, a Arábia Saudita estaria menos inclinada a buscar a paz sob essas circunstâncias, enquanto outras nações poderiam reconsiderar suas alianças nos Acordos de Abraão. O momento da mudança proposto por Trump “levanta preocupações significativas, especialmente enquanto trabalhamos para manter um cessar-fogo delicado e negociar um possível acordo de reféns”.
Com relação ao apoio de lideranças israelenses, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu elogiou as declarações de Trump sobre uma “posição de posse de longo prazo” em Gaza. Netanyahu afirmou que a ideia poderia “mudar a história” e que valeria a pena explorar esse caminho.
Nesta segunda-feira (3), uma carta conjunta enviada por ministros das Relações Exteriores do Egito, Jordânia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar, junto ao Secretário-Geral da OLP, abordou o conflito palestino-israelense como “a chave para a paz regional”. Na comunicação, enfatizaram que a resolução do conflito pode ser alcançada apenas por meio de uma solução de dois estados. “É imprescindível que Israel não anexe nenhuma terra palestina”, afirmaram. “Tal anexação apenas tornaria inviável a solução de dois estados”, disseram, reafirmando que os palestinos não desejam abandonar suas terras e expressando apoio inequívoco à posição desse povo.