No início de 2025, o dólar, que havia fechado 2024 em alta, apresentou quedas consecutivas, encerrando seu primeiro dia útil do ano a R$ 6,16 e, iondo na última terça-feira (4), atingindo R$ 5,77. Essa diminuição representa uma queda significativa de 6,76% e é um movimento que chamou a atenção de economistas e investidores.
Especialistas consultados apontam que pelo menos quatro fatores principais estão conectados a essa desvalorização do dólar: a postura mais moderada do presidente dos EUA, Donald Trump, o aumento das taxas de juros no Brasil, a diminuição do estresse político interno e a queda na percepção de risco geopolítico.
Donald Trump, conhecido por suas promessas de tarifas altíssimas sobre produtos importados da China e de medidas duras contra outras nações, tem adotado, surpreendentemente, um discurso e ações menos agressivas em suas relações comerciais. Durante sua campanha, Trump prometeu tarifas de até 60% nos produtos provenientes da China, mas essa retórica não se traduziu em ações drásticas após sua volta ao cargo.
O economista chefe da Austin Rating, Alex Agostini, comenta: "Quando Trump grita alto e depois senta para conversar, mais um risco é retirado — ou ao menos amenizado —, que é o de ter uma economia americana mais protecionista." Dessa forma, a expectativa de uma alta inflação nos Estados Unidos, estimulada por essas tarifas, foi reduzida.
Recentemente, as tarifas anunciadas contra a China ficaram em um patamar inferior ao esperado, sendo 10% sobre as importações. Em contraponto, a China estipulou tarifas de 15% sobre o gás natural e 10% sobre petróleo americano, além de taxas sobre outros produtos. A relação também se estendeu ao México e Canadá, onde o clima de entendimento entre os países tem prevalecido.
No Brasil, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic em 1 ponto percentualmente, para 13,25% ao ano, teve um impacto importante na valorização do real. Essa medida já era esperada e reflete o crescente cenário inflacionário que exige uma contenção no consumo e nos gastos.
Com os juros em alta, os títulos de renda fixa nacionais se tornam mais atrativos para os investidores estrangeiros, resultando em uma maior entrada de dólares. Isso, evidentemente, fortalece a moeda local. A economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, destaca: "Quanto maior o diferencial de juros, mais ficamos atraentes para os investidores internacionais."
A situação interna do Brasil também apresenta uma melhora, especialmente após um período de grande estresse em função de críticas ao orçamento e ao pacote fiscal proposto pelo governo. O apelo maior à contenção de gastos gerou desconfiança e descontentamento no mercado, resultando em uma pressão excessiva sobre o real. No entanto, a redução das tensões políticas e a apresentação de resultados fiscais, que não estavam além das expectativas, ajudaram a estabilizar a moeda.
Outro aspecto que contribuiu para a desvalorização do dólar foi a diminuição do risco geopolítico, especialmente após a assinatura de um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas. Esse concordo teve um efeito positivo nas relações comerciais e no clima de insegurança que rondava o mercado financeiro global. Alex Agostini observa que "a valorização das moedas acontece porque reduziu, em parte, o risco geopolítico e, em parte, o risco de Trump".
Os motivos envolvidos na queda do dólar em 2025 são complexos e interligados. Fatores como a postura mais conciliadora de Donald Trump, o aumento das taxas de juros no Brasil, a menor tensão política interna e a diminuição dos riscos geopolíticos no cenário internacional criaram um ambiente favorável para o fortalecimento do real. À medida que a economia brasileira e a política externa se ajustam, especialistas seguem atentos às movimentações do mercado.
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