A "guerra de bonés" se expandiu para além do Congresso Nacional e ganhou destaque na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Nesta terça-feira, 4, os vereadores do Partido dos Trabalhadores (PT), Pedro Rousseff, Pedro Patrus e Luiza Dulci, usaram bonés azuis durante a sessão.
Esse acessório é semelhante ao utilizado por outros políticos, como os deputados federais e o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. O boné traz a frase: "O Brasil é dos brasileiros". A iniciativa foi uma resposta a uma declaração do vereador Vile Santos (PL), que defendeu o uso de algemas em brasileiros deportados, alegando que se tratava de um "procedimento normal do governo americano". Em retaliação, o vereador Pablo Almeida (PL) utilizou um boné com a inscrição: "Sem café, sem picanha e sem cerveja".
A movimentação no plenário é um reflexo da polarização política observada na Câmara dos Deputados, onde a disputa entre seus integrantes tem sido marcada por manifestações semelhantes. O presidente da Câmara Municipal, Hugo Motta (Republicanos-PB), expressou seu descontentamento com a prática. Ele afirmou: "Para mim, boné serve para proteger a cabeça do sol, não para resolver os problemas do País. O que a gente precisa é fazer, e ter a cabeça aberta para pensar em como ajudar o Brasil a ir para frente", em uma postagem no X (antigo Twitter).
Outro vereador, Helton Júnior (PSD), também criticou essa perspectiva. Em sua visão, essa disputa impacta negativamente a formulação de políticas públicas voltadas para a população de Belo Horizonte. "Se a gente ficar permitindo que a pauta nacional contamine a discussão municipal, a polarização esteriliza o debate. Não somos a Câmara Federal de Belo Horizonte", afirmou, de acordo com informações do Estado de Minas.
O uso dos bonés começou no último sábado, 1º de fevereiro, durante as sessões que definiram os novos presidentes da Câmara e do Senado Federal. Esses bonés foram utilizados pelos ministros licenciados do governo Lula e rapidamente se tornaram um símbolo de protesto. Alexandre Padilha revelou que a ideia da frase que acompanha o boné foi proposta pelo novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Sidônio Palmeira. "Pedi para o Sidônio pensar uma frase, Sidônio mandou a frase. Foi um sucesso", declarou Padilha no sábado. De acordo com a assessoria do ministro, já foram produzidos mais de 100 bonés em diversas cores, que foram distribuídos entre os parlamentares governistas do Brasil.