A greve convocada pelos auditores fiscais da Receita Federal está colocando em risco os planos de arrecadação do governo brasileiro. Essa paralisação, que busca um reajuste salarial, tem acarretado um impacto significativo nas finanças públicas, com aproximadamente 15 bilhões de reais pendentes desde o ano passado.
De acordo com o Sindifisco Nacional, os auditores ressaltam que a situação prejudica tanto a arrecadação quanto a execução de transações tributárias essenciais para o equilíbrio fiscal do país. O governo, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já projeta para este ano uma arrecadação de 31 bilhões de reais proveniente de medidas tributárias, as quais ainda necessitam da aprovação do Congresso Nacional.
Entretanto, as expectativas em relação a essa meta estão repletas de ceticismo, especialmente considerando que a previsão de arrecadação de 31 bilhões de reais no ano anterior resultou em apenas 5,4 bilhões de reais de fato arrecadados.
O contexto atual expõe ainda mais a fragilidade das contas públicas, agravadas por fatores externos, como as políticas comerciais da administração de Donald Trump e a desaceleração da economia interna, impulsionada por uma política monetária restritiva. O sindicato dos auditores federais apontou que, ao final do ano passado, cerca de 14,6 bilhões de reais de transações tributárias estavam na fase final, mas a greve, iniciada no final de novembro, travou esses processos.
Esse montante representa um valor superior aos 13 bilhões de reais que o governo arrecadou ao longo de 2024, resultado de uma mudança na tributação de fundos de investimentos, que enfrentou dificuldades para tramitar no Congresso e visava reduzir benefícios para os mais ricos.
O presidente do sindicato, Dão Real, comentou sobre a urgência de um retorno ao trabalho por parte dos auditores fiscais, afirmando que “os auditores fiscais têm pressa para retornarem ao trabalho, pois são evidentes os impactos na economia brasileira e não queremos que mais externalidades negativas ocorram.” Dão Real também enfatizou a necessidade de maior esforço por parte do Ministério da Fazenda para que o Ministério da Gestão e da Inovação cumpre o que foi acordado com o Sindifisco e inicie negociações sobre a recomposição das perdas salariais acumuladas que ultrapassam 50% desde 2016 com base no IPCA.
Até o momento, não houve retorno por parte dos dois ministérios após os pedidos de comentário. A Receita Federal também optou por não se pronunciar sobre a greve.