O Brasil permanece fora da linha de mira das tarifas americanas sob a administração de Donald Trump. Especialistas analisam essa situação, indicando que o país não é uma prioridade nas intenções dos EUA. Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial, salienta que "é muito provável que mais adiante o Brasil seja alvo das tarifas americanas". Contudo, a expectativa é que isso não ocorra imediatamente.
No último fim de semana, Trump anunciou tarifas que afetam diretamente o Canadá, México e China, implementando uma alíquota de 10% sobre produtos chineses. As taxas sobre mercadorias mexicanas e canadenses foram suspensas temporariamente após negociações entre os governos.
Trump justificou seu pacote de tarifas apontando para problemas como a imigração ilegal e o tráfico de drogas. Ao falar sobre a China, o presidente americano ressaltou a necessidade de combater as importações que considera prejudiciais aos EUA, levando o governo chinês a contra-atacar com tarifas de até 15% sobre alguns produtos americanos.
Apesar das novas tarifas, especialistas acreditam que a sequência de imposições de Trump deve continuar, e que a discussão sobre tarifas direcionadas ao Brasil é apenas uma questão de tempo. Trump já incluiu o Brasil em seus discursos, mencionando-o como um "grande taxador".
A análise de economistas sugere que o Brasil não está no topo da lista de prioridades dos EUA principalmente devido à falta de um acordo de livre comércio e a existência de um déficit na balança comercial. Isso significa que os americanos compram mais produtos brasileiros do que o contrário.
O presidente americano vê o protecionismo como uma solução para um sistema comercial que percebe como injusto. A balança comercial dos EUA registrou um déficit significativo, e as taxas de importação de produtos fabricados em países como o Canadá e o México têm gerado polêmica.
Com relação ao Canadá e ao México, o déficit comercial americano cresceu nos últimos anos, refletindo um total que, em 2023, chegou a valores em torno de bilhões de dólares. Por sua vez, a China alcançou um superávit comercial recorde, especialmente com os EUA.
O Brasil, por outro lado, tem mantido um equilíbrio mais favorável nas suas transações comerciais, resultando em um déficit de apenas alguns milhões em troca de bilhões em exportações. Isso torna o Brasil menos prioritário em comparação a outros países que apresentam superávit.
Ainda que o Brasil não esteja atualmente no foco das tarifas, a situação pode mudar. O país faz parte do BRICS, um bloco que Trump já ameaçou tarifar caso apoio uma medida de desvalorização do dólar. Os especialistas estão cientes de que os interesses comerciais dos EUA podem eventualmente pender para ações mais drásticas contra o Brasil.
Com o crescimento das tensões internacionais e as questões geopolíticas emergentes, o Brasil pode ser usado como um aperitivo em um possível desentendimento entre os EUA e as nações do BRICS.
Se o Brasil for alvo de tarifas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou que o país adotará uma postura de reciprocidade, taxando produtos americanos. Historicamente, o Brasil já enfrentou tarifas americanas em setores como aço e alumínio, e essas áreas estão novamente sob análise.
Além disso, o setor de aviação, especialmente representado pela Embraer, deveria ser tratado com cuidado, já que a importação de aeronaves é significativa para a economia americana. Obstáculos à importação de aeronaves brasileiras constituiriam um golpe em um setor já tenso.
Em suma, embora o Brasil ainda não tenha sido alvo das tarifas de Trump, o futuro pode reservar mudanças significativas. À medida que o cenário internacional evolui, a possibilidade de que o Brasil entre na esfera das tarifas não pode ser descartada. Os leitores são incentivados a se manterem informados sobre as políticas comerciais do governo americano e a interagir sobre este tópico crítico em seus comentários e compartilhamentos nas redes sociais.