Um grande protesto tomou as ruas de Berlim, reunindo milhares de pessoas contra a proposta de limitar a imigração na Alemanha. O evento ocorreu no último domingo (2) e teve como catalisador os planos da oposição conservadora, apoiados pela ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), que busca restringir o reagrupamento familiar para alguns refugiados.
O líder dos conservadores, Friedrich Merz, que é considerado um forte candidato a se tornar o próximo chanceler nas eleições nacionais agendadas para 23 de fevereiro, esteve no centro da controvérsia ao apresentar um projeto de lei com apoio da AfD. Esta movimentação rompe um tabu histórico de colaboração entre os partidos, que geralmente evitam qualquer aproximação com a ultradireita.
Com uma presença estimada em cerca de 160 mil pessoas, segundo informações da polícia local, os manifestantes se reuniram em frente ao icônico Portão de Brandemburgo. Faixas com frases como “Nós somos o firewall, sem cooperação com a AfD” e “Merz, vá para casa, que vergonha!” foram exibidas durante a manifestação, evidenciando o descontentamento generalizado.
Merz, que representa a união dos partidos CDU/CSU, tentou, na sexta-feira (31), forçar a votação do projeto na câmara baixa do Bundestag. No entanto, enfrentou dificuldades em garantir os votos necessários, com alguns membros de seu próprio partido resistindo a apoiar a proposta. Essa situação representa um revés significativo para sua liderança, especialmente considerando as advertências de colegas sobre as possíveis implicações de colaborar com a AfD.
Tradicionalmente, os partidos principais da Alemanha têm se unido para criar um “firewall” contra a ascensão da AfD, que está sob vigilância das autoridades de segurança do país. O projeto de lei em questão não apenas visava restringir direitos de reagrupamento familiar mas também implementava medidas que poderiam resultar na recusa de entrada de mais imigrantes nas fronteiras.
Embora uma pesquisa recente indique que dois terços da população está a favor de regras de imigração mais rígidas, Merz argumenta que a proposta é uma resposta necessária a uma série de crimes de natureza violenta cometidos por indivíduos com origem imigrante. Em contraposição, representantes do Partido Social-Democrata (SPD) e dos Verdes, que fazem parte da coalizão governamental liderada por Olaf Scholz, afirmaram que as novas regras não poderiam evitar tais crimes e que violariam as diretrizes europeias em vigor.
No dia anterior à manifestação em Berlim, cidades como Hamburgo, Stuttgart e Leipzig também vivenciaram protestos massivos contra a CDU/CSU e a AfD, indicando que a resistência a essas iniciativas não se limita à capital alemã.
A mobilização em larga escala é um reflexo da preocupação da sociedade civil com o aumento da influência da ultradireita e com propostas que possam comprometer a integridade das políticas de imigração europeias.
Esses eventos ressaltam a tensão crescente no cenário político da Alemanha, à medida que as eleições se aproximam e o debate sobre imigração se intensifica. O “firewall” invisível que os partidos tentaram estabelecer em torno da AfD parece estar se deteriorando, enquanto o movimento por um espaço mais robusto para a imigração e solidariedade amplifica sua voz nas ruas.
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