Na última quinta-feira, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) falou em entrevista à CNN sobre a proposta de criação de uma fundação no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), defendida pelo presidente do órgão, Marcio Pochmann. A proposta, que tem gerado controvérsia entre os funcionários do IBGE, resultou na suspensão temporária da Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE (IBGE+), conforme uma nota divulgada pelo Ministério do Planejamento e Orçamento e o instituto.
"A atitude do presidente de criar essa fundação era uma iniciativa boa para o IBGE. Porque o IBGE precisa de mais recursos", destacou Zarattini. Ele ressaltou a importância de um financiamento adequado, especialmente para o Censo Agropecuário, que apresenta elevados custos, mas é essencial para o país. Para o deputado, a fundação poderia facilitar a captação de recursos, já que atualmente, o IBGE enfrenta dificuldades nesse aspecto.
O parlamentar argumentou que a implementação da fundação traria benefícios tanto para a instituição quanto para seus servidores, destacando que isso poderia resultar em uma maior produtividade e melhores condições de trabalho e remuneração. Segundo Zarattini, iniciativas de fundações semelhantes são comuns em todo o Brasil e não representam ilegalidade: "A proposta da fundação do IBGE não é nenhuma novidade no ordenamento jurídico do Brasil. Isso existe há muitos anos e não há porque ver, enxergar, qualquer ilegalidade nisso daí", explicou.
Por outro lado, a ideia da fundação enfrenta críticas internas. Em setembro do ano passado, uma carta anônima, elaborada por servidores do IBGE, criticou a gestão de Pochmann e sua tentativa de instaurar a fundação, apontando falta de diálogo com os trabalhadores. Esta carta, intitulada “Declaração Pública dos Servidores do IBGE”, expressava insatisfação com a fundação, que foi criada de forma sigilosa e gerava preocupações sobre sua finalidade e impactos na independência do instituto.
No início deste ano, a gestão de Pochmann enfrentou turbulências, resultando em pedidos de exoneração de diretores, como Elizabeth Hypolito e João Hallak Neto, em razão de descontentamento com a administração. Outros diretores, como Ivone Lopes Batista e Patricia do Amorim Vida Costa, também deixaram seus cargos, demonstrando a fragilidade da gestão atual.
A situação se agravou com o envio de uma carta assinada por diretores e gerentes, criticando o estilo de gestão de Pochmann, que, segundo eles, possui um “viés autoritário, político e midiático”, colocando em risco os princípios fundamentais da instituição.
Esses eventos sinalizam um momento crítico para o IBGE, onde a proposta da fundação de apoio poderá impactar não apenas a sua estrutura financeira, mas também a relação da administração com os servidores. A necessidade de um diálogo mais aberto e transparente sobre questões institucionais é evidente para assegurar um ambiente saudável e produtivo para todos os envolvidos.